MPRJ pedirá reconstituição com agentes do Bope em 'Operação no Salgueiro'
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MPRJ pedirá reconstituição com agentes do Bope em 'Operação no Salgueiro'

Os promotores que atuam na Auditoria Militar estudam pedir ao Centro de Criminalística da Polícia Militar uma reconstituição da  operação do Batalhão de Operações Policiais (Bope) no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo. No último dia 22, na localidade conhecida como Palmeiras, nove pessoas foram encontradas mortas, sendo oito retiradas de dentro de um mangue por moradores.

O Ministério Público do Rio (MPRJ) também vai solicitar cópia dos autos de exames cadavéricos das vítimas e os registros de ocorrência da 72ª DP (São Gonçalo) e da Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo (DHNSG) para entenderem detalhes da dinâmica da ação policial na região, visando apurar eventual crime militar.

Até terça-feira, o promotor Paulo Roberto Mello Cunha ouviu sete dos nove policiais do Batalhão de Operações Policiais (Bope), incluindo o comandante da tropa de elite, o tenente-coronel da Polícia Militar Uirá Ferreira. Nesta quarta-feira, estão previstos os depoimentos dos dois restantes.

A promotoria instaurou um procedimento investigatório criminal (PIC) sobre o caso. Cunha ponderou sobre a importância da reconstituição para se chegar à verdade dos fatos. No entanto, o promotor entende que será necessário um grande aparato policial no momento da simulação. Há necessidade de garantir a segurança de moradores, peritos, agentes da DHNSG, promotores e dos próprios policiais que se envolveram na operação policial.

Os registros de ocorrência da operação no Complexo do Salgueiro, na semana passada, mostram que a polícia disparou 1.514 tiros na ação. As informações são do“Fantástico”, da Rede Globo, que teve acesso aos documentos.

Num primeiro registro policial, integrantes do Bope narraram que os disparos de arma de fogo foram feitos como último recurso, porém de extrema necessidade em função do poder bélico dos criminosos. Disseram ainda que não tinham sequer informações de feridos.

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Consta no documento que 22 PMs atiraram 1.514 vezes. Considerando que toda a ação levou 35 horas, significa que foi disparado, pelo menos, um tiro a cada minuto e 18 segundos. Os próprios policiais afirmaram que três cabos e um sargento foram responsáveis por quase 600 tiros (588).

Os PMs também relataram em seus depoimentos a apreensão de drogas, rádios comunicadores e uma espingarda. Boa parte do material apreendido estava numa igreja abandonada, próxima do mangue onde os corpos foram resgatados.

Já em outro registro, também feito por policiais militares, não há informações de tiros e constam mais apreensões de drogas, rádios transmissores, munição e duas pistolas.

Ainda houve um terceiro registro, que não foi feito por PMs, mas sim por um policial civil da DHNSG. O agente afirmou que só soube dos corpos encontrados no manguezal 13 horas depois do fim da operação e que os moradores apontavam os policiais militares como possíveis executores.


A motivação, segundo as testemunhas ouvidas informalmente no local, seria a suposta vingança pela morte de um policial militar. O agente disse ainda que a cena do crime estava desfeita e que não havia testemunhas da ação policial. Nem tampouco havia câmeras na região que flagrassem a operação.

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