Nesta sexta-feira (19), em audiência virtual, a influenciadora digital Lorraine Bauer Romeiro, de 19 anos, detida há quatro meses ao ser acusada de integrar o esquema de tráfico na Cracolândia, confessou envolvimento com a venda de drogas. As informações são do repórter Herculano Barreto Filho para o portal UOL.
Lorraine, conhecida como a "Gatinha da Cracolândia", disse ter sofrido ameaças de morte e acusou a polícia de forjar um flagrante com apreensão de drogas que não pertenciam a ela.
A Polícia Civil apontou Lorraine como administradora de uma das tendas da maior feira livre de venda de drogas na capital paulista, que tinha rendia lucros de até R$ 6 mil por dia. Ela nega as acusações.
Em pedido sigiloso à Justiça, a defesa dela cita ainda a luta contra a depressão e o afastamento da família com uma herança de R$ 50 mil deixada pelo pai, um empresário da construção civil assassinado há sete anos.
Em audiência virtual na 13ª Vara Criminal do Fórum de Barra Funda, zona oeste de São Paulo, Lorraine confessou ter repassado crack aos usuários na Cracolândia. Ela ainda confirmou sua participação da contabilidade do dinheiro obtido com o tráfico na tenda, supostamente administrada por André Luiz Santos de Almeida, ex-namorado dela, que também e também preso sob suspeita de fazer parte do tráfico.
"Quando chegava lá [na Cracolândia], já estava tudo pronto. A barraca dele, com as coisas dele. Mas nunca fui por dentro dessas coisas [das informações sobre chegada de drogas ao local] (...). Nas vezes que ajudei ele, ajudei a contar dinheiro. E, às vezes, eu só entregava a pedra nas mãos dos usuários" , disse Lorraine Bauer Romeiro, em audiência na Justiça.
Entretanto, a defesa de Lorraine diz que só irá detalhar o envolvimento dela com o tráfico em outro processo, na 2ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores, que ainda não tem previsão de audiência.
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Lorraine alterou sua versão desde a entrevista dada à TV Record, em setembro deste ano. Na época, ela alegava ser usuária de drogas e negou sua participação na venda. As duas versões são contrárias ao depoimento da Polícia Civil, que indica a jovem como responsável pela administração de uma das tendas da Cracolândia.
'Quem fazia os negócios era ele', diz sobre ex; defesa de André contesta
Questionada por um promotor na audiência, Lorraine confirmou que frequentava a região. Ela disse ter ido pela primeira vez ao local em maio deste ano —dois meses antes de ser presa.
"Acabei me deixando levar. Fui naquele lugar, sim, com o meu ex-namorado. Sou eu mesma nas fotos [imagens anexadas à investigação da Polícia Civil mostram Lorraine em uma das tendas da Cracolândia com André]. Mas eu só ia acompanhar. Quem fazia os negócios era ele."
Em seguida, disse que seu envolvimento no tráfico de drogas se deu por influência de André, seu ex-namorado. "No começo, foi só para fazer companhia mesmo, para conhecer. Mas, infelizmente, fui cabeça fraca, né? E acabei me envolvendo também", contou.
Na audiência, Lorraine se emocionou ao alegar que não contatou mais a filha desde que foi presa. "[Me envolver com o André] foi o maior erro da minha vida. Se pudesse voltar atrás, seria tudo diferente. A minha vida acabou".
A advogada Ana Paula Muniz Soares, defensora legal do ex-namorado da jovem no processo, contesta o posicionamento e diz que Lorraine está tentando se esquivar de suas responsabilidades. "Não há prova nos processos que aponte o André como o responsável por uma das tendas. Há apenas fotos dele com a Lorraine na Cracolândia. Ele é inocente e isso será comprovado nos autos", argumenta.
Ao UOL, a Polícia Civil informou que as provas reunidas pela investigação fundamentaram o pedido prisão decretado pela Justiça. "A Corregedoria está à disposição para registrar e apurar toda e qualquer denúncia relacionada aos seus agentes", disse.