Familiares afirmam que prisão é injusta
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Familiares afirmam que prisão é injusta

O Tribunal de Justiça do  Rio (TJRJ) decidiu, em audiência de custódia realizada nesta sexta-feira (19), manter a prisão de Alberto Meyrelles Júnior. O estivador está preso desde a última quarta-feira (17), após ter sido reconhecido como autor de um assalto em uma foto 3x4 de sua carteira de habilitação, roubada no mesmo dia do crime de que é acusado. Na audiência, a Defensoria Pública do Rio (DPRJ) tentou revogar a prisão.

De acordo com a subcoordenadora de Defesa Criminal da DPRJ, Isabel Schprejer, a juíza avaliou somente a validade da prisão e o seu cumprimento, por se tratar de um mandado expedido por outro juiz. Schprejer afirmou que vai recorrer da decisão e fazer "quantos mais pedidos foram necessários" para que Alberto seja solto.

"Nós vamos, com certeza, continuar pedindo a liberdade dele. A gente vai fazer um habeas corpus, que é, basicamente, um novo pedido de liberdade, atacando essa última decisão, esperando que seja reformada e que a prisão preventiva do Alberto seja revogada, para que ele possa adquirir a liberdade dele, continuar trabalhando na empresa que ele vem trabalhando nos últimos anos. A gente espera que a justiça seja feita", declarou a defensora.

Mais cedo, a família do estivador realizou uma manifestação na frente da Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, na Zona Norte do Rio, em que pediram por justiça e pela sua liberdade. Segundo Augusto Meyrelles, irmão de Alberto, todos os parentes ficaram abalados com a decisão do TJRJ.

"É uma dor surreal. Eu, particularmente, não acredito na Justiça brasileira, mas a gente sempre pensa naquele 1% de sensatez. Mesmo sabendo o quão difícil seria, porque os juízes não desacatam um ao outro, mesmo um estando errado. Então, a gente sentiu muito, nossos familiares todos. Meu pai está muito abalado com isso. O padrasto, que criou ele desde sempre, junto com a mãe dele, não foram na manifestação, mas ficaram arrasados", lamentou ele.

A vítima que reconheceu Alberto chegou a descrever o criminoso como "de cor negra, altura aproximada de 1,70m, cerca de 25 a 30 anos, gordo, sem barba, cabelo crespo". Alberto tem 1,80m e 39 anos. Ainda segundo Augusto, ela disse que o assaltante era uma pessoa agressiva e que falava alto, o que não descreve seu irmão.

"A gente sabe que o (Alberto) Júnior não fez nada. A descrição que a vítima deu, que o assaltante era agressivo, fala alto, meu irmão não fala alto para ninguém. Meu irmão está lá no presídio e não abre a boca, o Júnior tem boca e não fala", afirmou.

O estivador vem tentando provar sua inocência desde maio deste ano, quando recebeu um mandado de prisão preventiva. Apesar de ter carteira de trabalho assinada há 20 anos, renda e moradia fixas e não ter antecedentes criminais, ele teve dois habeas corpus e um pedido de revogação de prisão negados e acabou sendo preso. Alberto tem uma filha, que completou 15 anos há pouco menos de um mês, e sua esposa, Karine Garcia, está grávida de três meses.

"É revoltante, é angustiante, é uma decepção surreal. Eu não consigo dimensionar o tamanho da minha decepção com a legislação brasileira. Como pode uma pessoa ter todas as provas de que ela não é culpada, e estar presa? Ele poderia ficar cinco minutos, cinco dias ou cinco anos na cadeia, é igual. É uma pessoa que a gente sabe que não fez nada. Mesmo com todas as provas, a Justiça teve a capacidade de negar um pedido de liberação. É só decepção", desabafou o irmão.

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