Três anos e meio após disparos de armas de fogo terem atingido dois ônibus de uma caravana da campanha eleitoral do petista Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no interior do Paraná, o inquérito aberto pela Polícia Civil para apurar o caso ainda não conseguiu descobrir quem foram os responsáveis pelo atentado e tem sido marcado por lentidão e paralisações na investigação.
Segundo o Ministério Público do Paraná, as investigações até agora "são consideradas inconclusivas". O ataque à caravana ocorreu em 27 de março de 2018. Os tiros atingiram dois dos três ônibus da caravana do ex-presidente, com perfurações na lataria. Os disparos também acertaram de raspão os vidros de um dos veículos. Ninguém se feriu.
O inquérito foi aberto dois dias depois, junto à Vara Criminal de Laranjeiras do Sul (PR), e tramita há 1.247 dias. Nos primeiros meses da investigação, o delegado Helder Andrade Lauria tomou os depoimentos de testemunhas do atentado, solicitou imagens de câmeras de segurança e pediu relatórios periciais dos ônibus atingidos.
A perícia confirmou que os veículos foram atingidos por disparos de armas de fogo e detectou, após análise do material, que partiram de um revólver calibre 32.
Após analisar as provas, a investigação constatou que o atentado ocorreu na altura do quilômetro 20 da rodovia PR-473, correspondente ao território do município Espigão Alto do Iguaçu (PR). A informação foi registrada pela Polícia Civil em um relatório de 25 de março de 2019. Foi aí que a investigação começou a travar.
Leia Também
Com isso, o MP do Paraná pediu o deslocamento do caso para a Vara de Quedas do Iguaçu (PR), por causa da competência territorial. Em 5 de abril de 2019, houve autorização para mudança da jurisdição. Isso, entretanto, travou a investigação. Só em outubro é que o juízo de Quedas do Iguaçu oficiou a Polícia Civil para o prosseguimento do caso.
Documentos obtidos pelo Globo também mostram que, de fevereiro de 2020 até maio de 2021, o processo judicial referente ao inquérito não registrou movimentações. Em 12 de maio deste ano, a juíza Giovane Rymsza, do juízo de Quedas do Iguaçu, determinou o envio do processo para o Ministério Público requerer novas diligências, que estão em andamento.
Procurado, o MP do Paraná afirmou, em nota, que atualmente "o inquérito tramita sob a responsabilidade da Polícia Civil, sendo que as investigações realizadas até o momento são consideradas inconclusivas". A Polícia Civil do Paraná não respondeu.
Em nota, a assessoria de imprensa do PT disse que a demora na investigação "é um estímulo à violência política e à impunidade. São mais de três anos ignorando a gravidade do crime e as fortes evidências reunidas quanto à sua autoria".