"Queria ele preso". A frase é de uma das vítimas do criminoso mais procurado do Brasil até esta segunda-feira. Moradora de Ceilândia, no Distrito Federal, a mulher que, em 2009, foi estuprada por Lázaro Barbosa Sousa e pelo irmão dele, Deusdete, assassinado há cinco anos, contou ao Globo que na véspera da morte de Lázaro pensou na família que, segundo a polícia, o serial killer matou naquela mesma região — Cláudio Vidal de Oliveira, de 48 anos, a mulher dele, Cleonice Marques de Andrade, de 43, e os filhos do casal, Gustavo Marques Vidal, de 21, e Carlos Eduardo Marques Vidal, de 15.
Caso Lázaro:
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"Estava pensando muito na Cleonice e fiz uma oração muito forte. Desejei muita luz para ela, para eles todos. Mas principalmente para ela, para que ela siga o caminho da luz. Porque ela sofreu muito. E rezei muito para que ele fosse preso. E agora esse alívio. Não era o que eu esperava. Eu queria ele preso para ele pagar pelos crimes dele", disse ela.
Veja o vídeo:
Policiais comemoram morte de Lázaro Barbosa
Certeza da morte
Ela lembrou do que passou após sofrer a violência sexual. Segundo a vítima, após invadir sua casa e torturar sua família, Lázaro e Deusdete fugiram com ela, à época com 19 anos, para um matagal. No local, a mulher foi violentada, xingada e agredida com uma arma que estava com a dupla.
Foi muito difícil superar. Anos trabalhados. E ainda vai ser. Mas me sinto firme. Desejando muita luz para as vítimas mortas. Na época, tinha certeza que ia morrer", contou a mulher.
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Lázaro Barbosa foi morto após uma caçada de 20 dias feitas por forças de seguranças na área rural de Cocalzinho e Águas Lindas de Goiás. O criminoso estava na periferia de Águas Lindas quando foi cercado pelos agentes. De acordo com o secretário de Segurança Pública de Goiás, Rodney Miranda, Lázaro descarregou uma pistola nos policiais, o que deu início ao confronto. Segundo ele, além da arma, o criminoso estava com mais de R$ 4,4 mil no bolso que poderiam ser usados para fugir.
A Ordem dos Advogados do Brasil de Goiás (OAB-GO) se manifestou sobre o cerco que culminou na morte de Lázaro. O órgão lamentou a “espetacularização e a celebração” do ocorrido. Em nota, afirmou que a divulgação de fotos e vídeos de pessoa morta pode configurar crime, conforme o artigo 212 do Código Penal, passível de detenção de um a três anos e multa.
A mulher contou que, agora, se sente mais segura:
"Ele estava assistindo às reportagens, estava de olho no que a gente estava falando. Com certeza ele viu que eu tinha falado do meu caso. Fiquei com muito medo. Hoje me sinto mais segura, sim."
Os irmãos conseguiram escapar do cerco policial feito na região de mata onde eles mantinham a vítima. Lázaro foi preso em Pirenópolis, em Goiás. A vítima fez o reconhecimento dele, e o julgamento ocorreu em 2010. Condenado, Lázaro foi para o Complexo Penitenciário da Papuda. Ele deixou o local em 2016, num indulto de Páscoa, e não voltou mais.