Quartel da PM na Praça da Harmonia, no Centro do Rio, onde sumiram as armas
Fabiano Rocha / Agência O Globo
Quartel da PM na Praça da Harmonia, no Centro do Rio, onde sumiram as armas


Durante inspeção na reserva de material bélico do 5º BPM (Praça da Harmonia) no Centro do Rio, em 2017, um tenente descobriu que 762 armas, sendo 753 revólveres calibre .38 e nove submetralhadoras haviam desaparecido. Mesmo com um Inquérito Policial Militar (IPM) aberto para investigar o desvio, ainda não se sabe como as armas sairam do batalhão.

Entretanto, segundo dados da Polícia Civil sobre apreensões de armamento obtidos por Lei de Acesso à Informação, o EXTRA descobriu que pelo menos parte desse arsenal abasteceu o crime: desde 2016, 34 revólveres e uma submetralhadora desviados do paiol da PM foram apreendidos nas mãos de traficantes, milicianos e assaltantes.

O levantamento foi feito a partir da comparação dos números de série dos revólveres e submetralhadoras extraviados, que constam no relatório do IPM, com números de série, marcas e modelos da lista de armas encontradas por agentes de segurança e levadas a delegacias. O número de armas da reserva de material bélico do batalhão que foram parar nas mãos de criminosos pode ser maior. Além das 35 identificadas pelo EXTRA, o cruzamento encontrou mais sete revólveres calibre .38 de propriedade da PM na lista de armas apreendidas em ocorrências. Mas como a numeração deles consta como raspada, não foi possível constatar se saíram do 5º BPM.

Ao todo, 14 das 35 armas, ou 40% das identificadas no cruzamento de dados, foram parar nas mãos do tráfico de drogas. A única submetralhadora identificada no levantamento é uma delas: ela foi achada em 13 de novembro de 2018 na residência de um casal de traficantes no bairro de Vila Metrópole, em São João de Meriti, também na Baixada. Lane Necy Martins e Luciano de Araújo da Silva, apontados como gerentes do tráfico nas favelas Guarani e Vila Ruth, foram presos após policiais civis encontrarem a arma na residência do casal.


Sete das armas foram encontradas com ladrões durante roubos de carga, de carro e em um estabelecimento comercial, cinco foram apreendidas com pessoas autuadas por porte ou posse ilegal de armas de fogo e outras três foram achadas sem que houvesse a prisão de criminosos. Em um dos casos, a arma foi localizada num carro roubado. Cinco das armas foram usadas em tiroteios contra a própria polícia. Os confrontos aconteceram em Itaboraí, Duque de Caxias e na capital, e três das ocorrências culminaram na morte de criminosos.

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