PMs, suspeitos de matarem jovens, negam que estivessem fazendo blitz no local
Rapazes foram encontrados mortos após terem sido abordados pelos policiais em Belford Roxo
Os dois policiais militares presos no último sábado (12) suspeitos de terem matado dois jovens em Belford Roxo , na Baixada Fluminense, negaram que estivessem fazendo blitz no local onde os dois rapazes foram abordados. Em depoimento na Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense, o cabo Julio Cesar Ferreira dos Santos e o soldado Jorge Luiz Custódio da Costa afirmaram que apenas passavam pela localidade retornando do hospital onde a mãe de um deles havia sido atendida.
Ambos alegam que faziam patrulhamento de rotina na madrugada do último sábado quando Custódio recebeu uma ligação informando que sua mãe havia passado mal e ido para o hospital municipal de Belford Roxo. Eles contam que foram até a unidade de saúde e voltaram pela Rua Margem Esquerda, no bairro Vila Mercedes.
Eles relataram que enquanto transitavam pela via, primeiro desconfiaram de uma Fiat Uno que estava parada no local e resolveram abordar o motorista. Os dois policiais contam ainda que quando terminavam a abordagem, os dois amigos - Edson de Souza Arguinez Junior e Jhordan Luiz de Oliveira Natividade - passaram pela via em uma moto.
Nas imagens de câmeras de segurança da rua onde houve a abordagem é possível ver o momento em que os policiais estão com a viatura parada em frente ao carro branco. Um dos policiais está no meio da pista, quando Edson e Jhordan passam de moto. Em depoimento , Julio Cesar afirmou que o colega Custódio é que estava na rua, enquanto ele estava próximo a um muro com o motorista da Fiat Uno.
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Os dois policiais negam que tenham feito qualquer disparo de arma de fogo e alegam que os jovens se desequilibraram da moto, caindo em seguida. Pelas imagens das câmeras de segurança, é possível observar um clarão no momento em que os jovens passam de moto pelo soldado Custódio. Uma análise das imagens produzido pela Delegacia de Homicídios da baixada Fluminense atesta que o clarão, “ao que parece” foi proveniente de “disparo efetuado pelo policial”.
Ainda no depoimento prestado na DH da Baixada, os policiais afirmam que um dos rapazes sangrava na cabeça, provavelmente em função da queda
. Os PMs afirmaram que os dois rapazes foram algemados e colocados na viatura e seriam encaminhados para uma delegacia de polícia para “sarqueá-los”, ou seja, para verificar se havia algum mandado de prisão contra eles.
Os dois policiais afirmam que no local da abordagem já tinham verificado que não havia qualquer irregularidade com a moto e que os rapazes também não levavam consigo qualquer material ilícito, mas ainda assim decidiram conduzí-los para a delegacia.
O cabo Julio Cesar foi dirigindo a vitura com os dois rapazes dentro e o soldado Custódio, conduzindo a moto. Os PMs alegam que no caminho para a delegacia conseguiram verificar que não havia qualquer pendência criminal em relação aos amigos, e por isso, eles foram liberados cerca de 40 metros depois. No seu depoimento na DH, o soldado Custódio admitiu que não é comum a liberação de suspeitos no trajeto para a unidade policial.
A ocorrência da madrugada de sábado não foi registrada pelos policiais em nenhuma delegcia de polícia. Os corpos dos dois rapazes só foram encontrados no dia seguinte, na Estrada Xerém, no Babi, também em Belford Roxo.
Foram os parentes das vítimas que conseguiram vídeos da abordagem e compareceram ao 39º BPM (Belford Roxo), onde os policiais eram lotados, e exibiram as gravações. Com a presença dos familiares, oficiais do batalhão fizeram contato com o cabo Julio Cesar e o soldado Custódio, determinando que ambos voltassem à unidade.
Eles prestaram depoimento e foram apresentados na DHBH, onde foram presos em flagrante. Nesse domingo, a prisão foi convertida em preventiva durante audiência de custódia.