Polícia matou 2,2 mil crianças e adolescentes nos últimos três anos no Brasil
Das vítimas, 69% são pretas ou partas; casos se concentram na faixa etária que vai dos 15 aos 19 anos
Entre 2017 e 2019, pelo menos 2.215 crianças e adolescentes foram mortos por policiais no Brasil. E o índice vem crescendo. Em 2017, as mortes na faixa etária entre 0 e 19 anos correspondiam a apenas 5% das execuções por policiais. No ano passado, subiu para 16%.
O levantamento foi feito pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública a pedido da Folha de S. Paulo. Apenas unidades da federação que disponibilizam informações sobre a idade das vítimas foram levadas em consideração: Alagoas, Ceará, Distrito Federal, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pará, Paraná, Rio de Janeiro, Rondônia, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Sergipe e São Paulo.
Rio de Janeiro encabeça a lista
O Rio de Janeiro é o campeão em casos de letalidade policial nessa faixa etária, mesmo com metade dos registros sem informação de idade. Foram 700 mortos entre 2017 e o primeiro semestre de 2020.
Nem a pandemia foi capaz de amenizar os casos de violência policial a crianças e adolescentes no Rio. De janeiro a junho, 99 crianças e adolescentes foram mortos por policiais —27% na capital e 73% em outros municípios.
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O estado responde por quase 40% das mortes de crianças e adolescentes decorrentes de intervenção policial no país e esse percentual mais que dobrou nos últimos dois anos.
São Paulo vem logo atrás. Em 2019, 120 crianças e adolescentes foram mortos pela polícia —53 na capital e 67 em outros municípios. Esse número, ao contrário do Rio, vem caindo, mas em 28% dos registros não há a idade da vítima.
Em seguida estão Pará e Paraná. O primeiro, com 102 mortes —o estado não registra idade em 26% dos casos. Já no Paraná, foram mortas 58 crianças e adolescentes por policiais em 2019. Atrás, Ceará, com 39 e Minas Gerais, 19.
Apesar das imprecisões nos dados disponibilizados pelos estados, o levantamento diz que pelo menos 69% das vítimas da letalidade policial entre crianças e adolescentes no país são negras (pretas ou pardas) e que os casos se concentram na faixa etária que vai dos 15 aos 19 anos.