Equipes no Sul da França passaram este sábado (16) lutando contra incêndios florestais, que são registrados em boa parte da Europa Mediterrânea em meio à onda de calor sufocante na região. Em território francês, os focos já consumiram mais de 8,9 mil hectares e levaram à evacuação de 12 mil pessoas, disseram as autoridades locais.
Météo France, a meteorologista nacional, previu temperaturas de pelo menos 40°C na costa atlântica do país de domingo a terça-feira. No Reino Unido, as autoridades já alertam para temperaturas recordes no início da próxima semana.
Os incêndios mais graves no país governado por Emmanuel Macron ocorreram na área de Gironde, perto da cidade de Bordeaux, onde mais de 1,2 mil bombeiros foram mobilizados.
"Estamos passando por uma temporada excepcionalmente dura. Já temos três vezes mais florestas queimadas do que em 2020", disse Macron na sexta, em Paris.
Os bombeiros também estão combatendo dezenas de incêndios na Grécia, Portugal e Espanha, que enfrentaram temperaturas excepcionalmente altas. Em Madrid, um funcionário do serviço de saneamento público morreu neste sábado após sofrer uma insolação na véspera, disse um funcionário da capital espanhola.
"Obviamente, quanto maior a onda de calor, maiores as repercussões na questão dos incêndios florestais e também na saúde das pessoas", disse Rubén del Campo, porta-voz da agência meteorológica da Espanha.
Na Costa do Sol, mais de 3 mil pessoas precisaram ser evacuadas devido ao incêndio na cidade de Mijas. Na praia de Torremolinos, os banhistas viram a fumaça no céu, junto com helicópteros que atuam para conter as chamas.
O Ministério da Saúde de Portugal disse esta semana que o país registrou 238 mortes em excesso — ou seja, acima da média histórica — entre 7 a 13 de julho, um período em que os termômetros estiveram nas alturas. No entanto, não ficou claro quantas dessas mortes foram em decorrência do calor.
O primeiro-ministro de Portugal, António Costa, disse na sexta-feira (15) que o piloto de um avião de combate a incêndios morreu quando a aeronave caiu no Nordeste do país, perto da divisa com a Espanha. Já na Grécia, os bombeiros combateram mais de 50 incêndios, os maiores na ilha de Creta e na região de Saronikos, ao sudeste de Atenas.
EUROPA - 📌📌📌Incêndio florestal na Casa de Miravete na N-5, Província de Cáceres! pic.twitter.com/g7zsarUmRx
— CunhaRosa (@CunhaRosa1) July 16, 2022
Reino Unido
A onda de calor deve atingir o Reino Unido no início da próxima semana, quando as temperaturas devem chegar a 40°C pela primeira vez na História. Em um país não acostumado a tanto calor, os trabalhadores espalhavam areia nas estradas, temendo derreter sem proteção.
Várias escolas anunciaram que as aulas seriam remotas, então a agência de trânsito da capital britânica pediu que as pessoas evitem andar de trem e metrô, como uma medida de precaução. O temor é que os trilhos dilatem muito com o calor, aumentado o risco de se curvarem.
De acordo com a agência, cerca de 40% dos trens malha ferroviária e metroviária metropolitana têm ar condicionado, mas eles estão sendo vistoriados para garantir que funcionam bem. O mesmo é feito com os tradicionais ônibus double-decker, de dois andares, disse o serviço público, ressaltando recomendações para que as pessoas carreguem água.
O principal comitê de emergência do governo britânico também planejava uma reunião de emergência neste sábado para discutir a resposta ao clima extremo. A temperatura mais alta registrada oficialmente no Reino Unido foi de 38,7°C em julho de 2019, de acordo com o serviço meteorológico nacional, o Met Office.
Ondas de calor vêm aumentando durante as décadas
As ondas de calor na Europa aumentaram em frequência e intensidade nas últimas quatro décadas, e um estudo publicado este mês descobriu que as mudanças estavam acontecendo mais rapidamente na região do que em outras partes do mundo, incluindo pontos quentes como o Oeste dos Estados Unidos.
Em 2003, uma onda de calor na Europa matou 15 mil pessoas na França, muitas delas idosos que viviam em casas sem ar condicionado. Nenhuma morte foi relatada na França durante esta onda de calor mais recente.
Cientistas climáticos disseram que o aquecimento global está tornando as temperaturas extremas mais comuns e eles investigam também se eventos climáticos específicos estão se intensificando ou se tornando mais prováveis devido ao aquecimento do clima induzido pelo homem.
"A mudança climática já influenciou a probabilidade de temperaturas extremas no Reino Unido", disse Nikos Christidis, cientista de atribuição climática do Met Office, em um comunicado à imprensa, acrescentando que a probabilidade de experimentar um calor recorde no Reino Unido já aumentou.
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