O líder religioso do budismo é o Dalai Lama Tenzin Gyatso, que completa 90 anos em breve
Reprodução
O líder religioso do budismo é o Dalai Lama Tenzin Gyatso, que completa 90 anos em breve

O Dalai Lama, líder máximo do budismo tibetano,  afirmou nesta quarta-feira (2) que irá reencarnar após sua morte, para manter viva a tradição espiritual que já dura mais de seis séculos.

Aos 90 anos, que serão completados no domingo (6), Tenzin Gyatso indicou que o processo de sucessão já começou e reforçou que ele seguirá fora do controle da China.

Como se escolhe um Dalai Lama?

Segundo as crenças do budismo tibetano, o Dalai Lama é a manifestação de uma entidade chamada Avalokiteshvara, que renasce continuamente para guiar os seres vivos.

Após a morte do líder, os monges iniciam uma busca por sua reencarnação entre as crianças nascidas pouco depois de sua partida. O processo envolve uma série de sinais, visões e interpretações, como a direção da fumaça da pira funerária, profecias e objetos pessoais.

Quando uma criança é apontada como possível sucessora, ela é testada: se identificar corretamente pertences do líder anterior, é vista como o próximo líder espiritual.

O próprio Tenzin Gyatso se tornou Dalai Lama dessa forma. Nascido em uma vila no Tibete em 1935, foi encontrado ainda bebê por monges que tiveram visões e sinais específicos sobre ele, como orelhas grandes e marcas corporais. Ele identificou objetos do antecessor e foi oficialmente reconhecido como Dalai Lama aos quatro anos.

O atual líder espiritual ainda não deixou por escrito as pistas sobre o quem será seu sucessor, mas sua fundação informou que isso deve ocorrer em breve. Ele já declarou, inclusive, que a reencarnação poderá ser uma mulher e que nascerá fora da China.

Escolha espiritual e política

Embora a escolha do Dalai Lama seja um processo espiritual, conduzido por monges, a sucessão se tornou também uma questão política. Isso porque o governo da China defende que qualquer reencarnação de figuras importantes do budismo tibetano, como o Dalai Lama e o Panchen Lama, deve passar por um sorteio controlado pelo Estado. A tradição, no entanto, é rejeitada por líderes religiosos e pela comunidade tibetana no exílio.


A disputa envolve o controle do Tibete, região incorporada à China em 1950. Nove anos depois, após uma revolta popular ser reprimida pelo Exército chinês, o atual Dalai Lama fugiu para a Índia, onde vive desde então. No exílio, se tornou uma das principais vozes internacionais em defesa da liberdade religiosa e da autonomia tibetana.

    Mais Recentes

      Comentários

      Clique aqui e deixe seu comentário!