Imagens da tomada de Damasco pelo grupo rebelde Hayat Tahrir Al-Sham ( HTS ) e a deposição do ditador Bashar al-Assad ganharam o mundo. Entre os símbolos do feito histórico, uma bandeira passou a ser amplamente exibida na Síria em representações diplomáticas ao redor do mundo.
O símbolo, com três faixas horizontais – verde, branca e preta – e três estrelas vermelhas, foi visto em locais como Moscou , onde Assad está em asilo político, e em embaixadas em São Petersburgo e Madri.
A bandeira remonta a períodos históricos: foi usada entre 1920 e 1946, durante o mandato francês sobre a Síria, e novamente entre 1963 e 1972.
Em entrevista ao g1, Ana Karolina Morais, pesquisadora da USP e do Núcleo de Pesquisa em Relações Internacionais (NUPRI), o estandarte ganhou significado de resistência ao longo dos anos e é visto atualmente como um símbolo contra a dinastia Assad.
A atual bandeira oficial, com faixas vermelha, branca e preta, e duas estrelas verdes, foi adotada em 1972 por Hafez al-Assad, pai de Bashar, durante a criação da Federação das Repúblicas Árabes, que uniu temporariamente Síria, Egito e Líbia. As estrelas verdes simbolizam a união entre Síria e Egito nesse contexto.
A bandeira da Síria vai mudar?
Segundo Ana Karolina Morais, uma alteração oficial da bandeira só será possível se o novo governo rebelde obtiver reconhecimento internacional.
"O HTS é considerado um grupo terrorista. Não sabemos se o governo será reconhecido como legítimo. Caso seja, eles poderão mudar a bandeira oficialmente, mas na prática, isso já aconteceu, como mostram as embaixadas hasteando o novo símbolo", explicou a pesquisadora.
A bandeira da oposição foi vista hasteada nesta segunda-feira (9) na embaixada síria em Moscou, um dia após a deposição de Assad. Um grupo de homens realizou a substituição em um ato simbólico, conforme relatado pela agência France Presse.
"A embaixada está aberta e funciona normalmente sob a nova bandeira", declarou uma fonte à agência russa Tass.
Asilo político e posição da Rússia
Após a queda de Assad, ele e sua família teriam se estabelecido em Moscou, segundo fontes do Kremlin. O governo russo, embora não tenha confirmado a presença de Assad, declarou que ofereceu asilo político ao ex-líder.
A decisão da Rússia de conceder asilo político ao ex-ditador da Síria Bashar al-Assad e à família dele foi tomada pessoalmente pelo presidente Vladimir Putin, que era o principal fiador do regime derrubado por rebeldes jihadistas no último fim de semana.
A informação foi divulgada nesta segunda-feira (9) pelo porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov. "Tais decisões certamente não podem ser tomadas sem o chefe de Estado. Foi uma decisão dele", disse.
Assad e sua família fugiram para Moscou no fim de semana, pouco antes da entrada dos rebeldes na capital Damasco, no ápice de uma ofensiva relâmpago que derrubou o regime em apenas 11 dias, após mais de 13 anos de guerra.