O fotógrafo Flávio de Castro Sousa , de 36 anos, está desaparecido em Paris, na França, desde o dia 26 de novembro . Ele deveria pegar um voo de volta ao Brasil na mesma data, depois de quase um mês no país europeu. O seu último contato foi uma troca de mensagem com um amigo francês, Alexandre Callet , para quem contou: "Eu bebi demais e fiz uma besteira enorme".
Na troca de mensagens, obtida com exclusividade pelo Fantástico, Flávio conta ao amigo estudante de moda que caiu na Ilha dos Cisnes , no meio do Rio Sena , e aguardou socorro por três horas - até ser resgatado pelos bombeiros e levado para o hospital com suspeita de hipotermia. O caso teria acontecido no próprio dia 26 de novembro.
Últimos contatos
Numa foto, Flávio mostra a pulseira de atendimento na emergência de um hospital, que fica a cerca de dez minutos do local da queda. O amigo perguntou: “Como assim? Como você conseguiu se machucar desse jeito?” Ele respondeu: “Não sei, só sei que caí.”
O brasileiro também escreveu para Alexandre dizendo que "os bombeiros disseram que tive sorte de estar vivo. Não consegui sair da água. Fiquei muito tempo lá”, e completou com “eu bebi demais e fiz uma besteira enorme". Poucas horas depois de dar entrada no hospital, Flávio teve alta. "Me liberaram ao meio-dia, o horário do meu voo. Fui na imobiliária que me alugou o apartamento pra pedir ajuda. Quero ficar pelo menos um dia a mais até conseguir um novo voo", escreveu.
O fotógrafo também estava preocupado com a bagagem, que tinha ficado dentro do apartamento alugado por ele. Ao Fantástico, o amigo contou: “Eu disse que, qualquer problema, ele podia ir lá pra casa. E aí ele me respondeu: ‘Não, não se preocupe, eu me viro’. Flávio negociou com a imobiliária e conseguiu um outro apartamento, colocou as roupas molhadas para lavar e disse a Alex: "Vou tentar dormir. Estou exausto". No dia seguinte, o amigo voltou a fazer contato com o brasileiro, mas não teve retorno.
Desaparecimento
“Comecei a achar tudo muito bizarro. Voltei pro apartamento alugado, tentei digitar a senha da fechadura digital, mas não deu certo. Aí depois liguei pra imobiliária, e eles disseram: "Olha, a gente não sabe onde ele tá. Mas um senhor que trabalha num restaurante atendeu o celular do Flávio", contou Alex. Era o restaurante onde o celular de Flávio foi encontrado, às margens do Sena, próximo ao local da queda. “Entrei em pânico e fui direto pra delegacia”, conta Alex.
O francês fez contato com dois amigos de Flávio: Lucien, sócio do fotógrafo que está no Brasil; e Rafael Basso, que mora em Paris. Eles procuraram o Consulado brasileiro. Os amigos contaram que queriam acesso às câmeras do entorno do restaurante, uma vez que Paris é uma das cidades mais vigiadas do mundo. “O protocolo pra abertura de câmera na França é extremamente restrito”, conta Rafael.
“A gente fez uma luta para que o caso fosse um caso diplomático, porque aí sim o Estado brasileiro pede explicações pra polícia francesa”, afirmou o amigo brasileiro. A Interpol já emitiu um alerta para 196 países sobre o desaparecimento.
Repercussão no Brasil
A mãe do fotógrafo, Marta Maria de Castro, contou ao Fantástico que acompanha as investigações e não sabe como suportar a angústia. O último contato dela com Flávio foi um dia antes do desaparecimento. “Eu não desejo que nenhuma mãe nesse mundo venha sentir, venha passar, o que eu tenho passado nesses dez dias, que parece que é o infinito. Eu preciso estar aqui de pé para receber meu filho de volta, porque ele é o meu mundo”, afirmou.
Na última terça-feira (3), o presidente do senado, Rodrigo Pacheco, pediu empenho nas investigações: “Desde já, em nome do parlamento brasileiro, peço o engajamento das autoridades francesas, todas elas, para que possam esclarecer esse acontecimento”.
Na quarta (4), representantes da polícia federal brasileira na França analisaram a bagagem do fotógrafo, encontrada no apartamento alugado. Entre os pertences estava o passaporte dele. No mesmo dia, a Interpol incluiu Flávio no alerta global sobre pessoas desaparecidas.