Um mistério no Uruguai levou a uma investigação no Ministério Público que pode envolver um brasileiro. Nos últimos dias, prédios de Montevidéu amanheceram grafitados nas alturas. O esforço de subir pelos edifícios para fazer o grafite chamou a atenção dos moradores e das autoridades, que logo iniciaram uma investigação.
A Polícia Uruguaia identificou quatro possíveis autores das pichações: três deles uruguaios e um estrangeiro que, ao que tudo indica, é brasileiro. Informações preliminares divulgadas pelo El Observador indicam que um deles escalava e grafitava as fachadas dos edifícios, enquanto os outros três filmavam.
A suspeita de um brasileiro no grupo de pichadores surgiu após um dos grafites ter uma assinatura na parte inferior, escrita “Brasil”, “SP” (que interpretam como sendo de São Paulo) e um “24”.
Bastaram dois prédios pichados para a investigação começar. Os moradores dos prédios e seus vizinhos registraram boletim de ocorrência e anexaram os vídeos gravados pelas câmeras de segurança. A Polícia Científica também foi convocada para a investigação, e trabalha para retirar impressões digitais.
Segundo o telejornal uruguaio Teledoce , os grafites encontrados em diversos prédios de Montevidéu são semelhantes ao Pinchazo, forma de expressão visual urbana – considerada arte por alguns e vandalismo por outros – e que tem origem em São Paulo. Essa expressão surgiu na década de 80 e pinta ilegalmente fachadas, monumentos e até ruas da capital paulista.
A promotora do 7º Turno de Flagrancia, Silvia Naupp, iniciou uma investigação para descobrir o que está por trás dessas pichações. De acordo com a Procuradoria Geral da República Uruguaia, a promotora confiou à Polícia os depoimentos das testemunhas e o recolhimento de registos de câmeras de segurança, tanto públicas como privadas.
Além da investigação, as pichações também tiveram repercussão parlamentar. O deputado do Partido Colorado, Martín Melazzi, apresentou um projeto de lei para punir quem picha propriedades privadas sem o consentimento do proprietário.
Embora esteja afastada do cargo, por ser uma das pré-candidatas à Presidência, a prefeita de Montevidéu, Carolina Cosse, também se manifestou sobre o assunto. Para Cosse, não é uma solução usar “ações repressivas” contra os pichadores.
“O fenômeno é complexo e pouco compreendido. Existe uma forma de dominá-lo que tem a ver com ações fortemente repressivas. Não creio que essa seja a solução, porque uma coisa é ter uma expressão artística numa parede e outra é ter uma espécie de corrida tribal para ocupar espaços”, disse.
No total, três prédios foram pichados no centro de Montevidéu. O terceiro amanheceu pichado neta quinta-feira (11) e é um prédio de sete andares que foi restaurado há dois meses. Os grafites são semelhantes aos anteriores e possuem assinaturas identificáveis: “Brasil 2024” e “Dúvida”.
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