A colônia penal onde Alexei Navalny estava encarcerado informou à mãe e ao advogado do dissidente russo que ele foi vítima de "síndrome de morte súbita" e que seu corpo não será entregue até o fim das investigações.
A informação foi publicada no X (antigo Twitter) por Ivan Zhdanov, que dirige a fundação anticorrupção do líder de oposição.
"Quando o advogado e a mãe de Alexei chegaram à colônia penal nesta manhã, foi dito a eles que a causa do falecimento foi síndrome da morte súbita", escreveu o aliado de Navalny.
Esse termo é geralmente utilizado para descrever problemas cardíacos que provocam uma parada repentina no coração.
Pouco antes, a porta-voz do dissidente, Kira Yarmysh, havia acusado a Rússia de "mentir" sobre as causas da morte e de não entregar o corpo para a família.
Ao anunciar a morte de Navalny, na última sexta-feira (16), o serviço penitenciário federal disse que o opositor faleceu após perder a consciência subitamente durante uma "caminhada" na cadeia, porém o órgão não deu mais detalhes sobre o caso, o que levantou suspeitas de um possível envolvimento do regime de Vladimir Putin.
"A Rússia está fazendo de tudo para não entregar o corpo", escreveu Yarmysh no Telegram. Os colaboradores do dissidente também afirmaram que o cadáver não está no necrotério que havia sido indicado pela penitenciária de Kharp, na Sibéria.
A morte de Navalny, que cumpria pena por "extremismo" e ganhara popularidade no início da década passada com uma plataforma anticorrupção, é investigada pelo Comitê de Inquérito da Rússia, órgão tido por opositores como leal a Putin.
Enquanto isso, mais de 200 pessoas foram presas em manifestações pró-Navalny desde a última sexta, segundo a ONG de direitos humanos OVD-Info, sendo mais de 100 apenas em São Petersburgo e cerca de 40 em Moscou.
A morte do opositor, no entanto, recebeu uma cobertura discreta por parte da imprensa estatal na Rússia. As TVs do governo deram pouco espaço à notícia e sem se aprofundar na figura de Navalny ou sobre os motivos pelos quais ele estava na cadeia.
O dissidente, por outro lado, foi homenageado com um minuto de silêncio em uma reunião dos ministros das Relações Exteriores do G7 em Munique, na Alemanha, neste sábado (17).
"A Rússia deve esclarecer essa morte e interromper a repressão inaceitável às discordâncias políticas", cobrou o chanceler e vice-premiê italiano, Antonio Tajani. (ANSA)