Alemanha rejeita acusação de que Israel estaria cometendo genocídio

Governo do país considera que Israel apenas está se defendendo dos ataques do Hamas

Chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, em discurso
Foto: Reprodução/Twitter Olaf Scholz
Chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, em discurso

O governo alemão se opôs à alegação de que Israel estaria cometendo genocídio à população palestina e fez um alerta contra a “instrumentalização política” da ação.

Em comunicado, o porta-voz alemão Steffen Hebestreit afirmou que a acusação “não tem base em fatos” e disse, ainda, que Israel estava apenas “se defendendo” após os ataques “desumanos” cometidos pelo Hamas em 7 de outubro.

Hebestreit também disse que “à luz da história alemã e dos crimes contra a humanidade da Shoah, o governo alemão está particularmente comprometido com a Convenção do Genocídio [da ONU], assinada em 1948, na sequência do Holocausto”. O porta-voz alemão reconhece que há visões divergentes na comunidade internacional sobre a operação militar de Israel contra o Hamas em Gaza.

“No entanto, o governo alemão rejeita decisiva e expressamente a acusação de genocídio apresentada contra Israel perante o Tribunal Internacional de Justiça”, disse.

Ele também declarou que a Alemanha faria uma intervenção atuando como terceiro frente ao Tribunal Internacional, amparados por um artigo que permite aos Estados procurar esclarecimentos sobre a aplicação de uma convenção multilateral.

Na quinta-feira (11), durante a audiência em Haia, o vice-chanceler da Alemanha, Robert Habeck, também negou as acusações de genocídio: “aqueles que cometeriam ou quereriam cometer genocídio, se pudessem, são o Hamas. A agenda deles é acabar com o Estado de Israel.”

Até o momento, outros países da União Europeia permaneceram neutros em relação ao conflito. Evitando fazer comentários ativos sobre a situação, eles apenas pediram a proteção dos civis de Gaza e a prestação de ajuda humanitária, mas também endossando o direito de defesa de Israel.

O porta-voz da Comissão Europeia para as relações exteriores, Peter Stelano, reafirmou ainda nesta semana o apoio do bloco à Comissão internacional de Justiça, mas não manifestou apoio ao caso de genocídio contra Israel. “Em relação a este caso específico, os países têm o direito de apresentar casos ou ações judiciais. A União Europeia não faz parte deste processo”, disse. "Isso não cabe a nós comentar."

Além da Alemanha, a Hungria foi o único país da União Europeia se opôs explicitamente à ação movida pela África do Sul para acusar Israel de genocídio. O ministro dos Negócios Estrangeiros, Péter Szijjártó, fez uma declaração no Facebook na qual afirmou que “acusar de genocídio um país que sofreu um ataque terrorista é obviamente um disparate”, e que “acreditamos que é do interesse de todo o mundo que as atuais operações antiterroristas sejam concluídas com sucesso, a fim de evitar que um ataque terrorista tão brutal volte a acontecer em qualquer parte do mundo”.

Por outro lado, o Brasil manifestou apoio oficial à denúncia da África do Sul na Corte Internacional contra Israel, assim como Arábia Saudita, Bangladesh, Marrocos, Malásia, Turquia, Irã, Paquistão, Maldivas, Namíbia, Jordânia, Nicarágua, Venezuela e Bolívia.

“Observe que praticamente todos os países que apoiaram essa acusação infame de genocídio não são democráticos, além de possuírem um grave histórico de violações dos direitos humanos. É lamentável ver o Brasil se juntando a eles”, pontua André Lajst, cientista político especialista em Oriente Médio e presidente-executivo da StandWithUs Brasil.

Para Lajst, esta é mais uma alegação falsa de que Israel comete genocídio contra os palestinos. “De acordo com a definição de genocídio adotada pela ONU – formulada por um judeu para descrever os horrores do Holocausto – o que constitui tal crime é o intento de destruir no todo ou em parte um grupo nacional, étnico ou religioso”, afirma o cientista político.

“O que Israel tem feito, contudo, é bastante diferente disso. Uma evidência são as muitas medidas para evitar as baixas civis na Faixa de Gaza durante a guerra contra o Hamas, como a distribuição de ajuda humanitária e a emissão de alertas e orientações para que civis saiam das zonas de conflito antes da atuação militar israelense”.

“O Brasil e os outros países que apoiaram essa ação cujos conceitos estão distorcidos deveriam analisar as circunstâncias de forma menos enviesada e entender que Israel está lutando para se defender de um grupo terrorista que mantém seus civis reféns, assim como qualquer outro país que tivesse sofrido uma tragédia dessa magnitude faria, e não está eliminando deliberadamente a população civil palestina”, conclui Lajst.