O ultradireitista Javier Milei é oficialmente presidente da Argentina depois de fazer o juramento e tomar posse neste domingo (10). Milei recebeu a faixa e o bastão presidenciais do agora ex-presidente Alberto Fernandéz. Ambos assinaram o termo de posse.
A cerimônia aconteceu no Congresso Nacional. Milei foi ovacioando por políticos apoiadores que estavam na cerimônia, e sua posse foi recebida com gritos de "Liberdade, liberdade" e "Argentina, Argentina".
Depois de Milei, a vice-presidente Victoria Villarruel fez o juramento e tomou posse do cargo, antes ocupado por Cristina Kirchner.
Milei agora discursará na porta do Congresso, onde uma multidão de apoiadores o aguarda. Depois, ele seguirá para a Casa Rosada, sede do Executivo, onde cumprimetará as delegações internacionais. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que optou por não comparecer à cerimônia, é representado pelo ministro das Relações Internacionais, Mauro Vieira.
No final da tarde, os ministros de Milei devem tomar posse, cerimônia que será seguida por um culto inter-religioso na Catedral Metropolitana de Buenos Aires. À noite, haverá uma apresentação no Teatro Colón.
Javier Milei
Milei venceu as eleições argentinas com 55% dos votos em um segundo turno bastante disputado com o ex-ministro da Economia Sergio Massa. O político de extrema chegou ao comando do país com discurso radical e propostas como a dolarização da economia e a privatização de empresas estatais.
De acordo com o jornal argentino Clarín, logo na segunda-feira (11) Milei deve lançar um pacote econômico que contará com as seguintes medidas:
- Proibição ao Banco Central da Argentina de emitir moeda para financiar o Tesouro;
- Retirada gradual dos subsídios às tarifas entre janeiro e abril;
- Não haverá obras públicas, exceto aquelas com financiamento externo;
- Aumento de imposto sobre importações;
- Prorrogação do Orçamento de 2023 para congelar os gastos;
- Liberação de preços de combustíveis e planos de saúde;
- Suspensão de contribuições não reembolsáveis aos estados;
- Congelamento de benefícios orçamentários para empresas privadas;
- Os repasses para as universidades serão apenas pelos montantes e valores de 2023;
- Salários públicos ajustados à nova pauta orçamentária congelada;
- Transferência da dívida das Leliqs (títulos emitidos pelo BC argentino) para o Tesouro Nacional;
- As empresas públicas se tornarão sociedades anônimas para facilitar sua venda;
- Desvalorização do peso e fixação do dólar comercial em cerca de 600 pesos (somados impostos, valor ficaria entre 700 e 800 pesos).
Segundo o Clarín, as medidas não precisam do aval do Congresso. Na Câmara dos Deputados e no Senado, Milei deve enfrentar forte oposição , já que as duas Casas são compostas, em grande parte, por congressistas do Unión por la Patria, coalizão peronista do ministro da Economia e ex-candidato à presidência, Sergio Massa.
Embora o partido de Milei, La Libertad Avanza, tenha alcançado muitas cadeiras no Congresso, o número ainda está longe de representar a maior parte das casas legislativas. Na Câmara, o número de deputados saltou de três para 38, de um total de 257. No Senado, o número aumentou de zero para sete, de um total de 72.
Mesmo contabilizando os congressistas do Juntos por el Cambio, coligação da ex-candidata à presidência Patricia Bullrich, que apoiou Milei no segundo turno e assumirá como ministra da Segurança , o futuro presidente ainda não tem maioria no Senado e ultrapassa a metade na Câmara por apenas dois deputados. Coligações menores, como a Tercera Vía e a Izquierda, também se opõem a Milei.