Javier Milei faz juramento e toma posse da presidência da Argentina

Ultradireitista chegou ao comando do país; segunda etapa da cerimônia acontecerá na Casa Rosada

Foto: Reprodução/Televisión Pública - 10.12.2023
Javier Milei é empossado presidente da Argentina

O ultradireitista Javier Milei é oficialmente presidente da Argentina depois de fazer o juramento e tomar posse neste domingo (10). Milei recebeu a faixa e o bastão presidenciais do agora ex-presidente Alberto Fernandéz. Ambos assinaram o termo de posse.

A cerimônia aconteceu no Congresso Nacional. Milei foi ovacioando por políticos apoiadores que estavam na cerimônia, e sua posse foi recebida com gritos de "Liberdade, liberdade" e "Argentina, Argentina".

Depois de Milei, a vice-presidente Victoria Villarruel fez o juramento e tomou posse do cargo, antes ocupado por Cristina Kirchner.

Milei agora discursará na porta do Congresso, onde uma multidão de apoiadores o aguarda. Depois, ele seguirá para a Casa Rosada, sede do Executivo, onde cumprimetará as delegações internacionais. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que optou por não comparecer à cerimônia, é representado pelo ministro das Relações Internacionais, Mauro Vieira.

No final da tarde, os ministros de Milei devem tomar posse, cerimônia que será seguida por um culto inter-religioso na Catedral Metropolitana de Buenos Aires. À noite, haverá uma apresentação no Teatro Colón.

Javier Milei

Milei venceu as eleições argentinas com 55% dos votos em um segundo turno bastante disputado com o ex-ministro da Economia Sergio Massa. O político de extrema chegou ao comando do país com discurso radical e propostas como a dolarização da economia e a privatização de empresas estatais.

De acordo com o jornal argentino Clarín, logo na segunda-feira (11) Milei deve lançar um pacote econômico que contará com as seguintes medidas: 

  • Proibição ao Banco Central da Argentina de emitir moeda para financiar o Tesouro;
  • Retirada gradual dos subsídios às tarifas entre janeiro e abril;
  • Não haverá obras públicas, exceto aquelas com financiamento externo;
  • Aumento de imposto sobre importações;
  • Prorrogação do Orçamento de 2023 para congelar os gastos;
  • Liberação de preços de combustíveis e planos de saúde;
  • Suspensão de contribuições não reembolsáveis aos estados;
  • Congelamento de benefícios orçamentários para empresas privadas;
  • Os repasses para as universidades serão apenas pelos montantes e valores de 2023;
  • Salários públicos ajustados à nova pauta orçamentária congelada;
  • Transferência da dívida das Leliqs (títulos emitidos pelo BC argentino) para o Tesouro Nacional;
  • As empresas públicas se tornarão sociedades anônimas para facilitar sua venda;
  • Desvalorização do peso e fixação do dólar comercial em cerca de 600 pesos (somados impostos, valor ficaria entre 700 e 800 pesos).

Segundo o Clarín, as medidas não precisam do aval do Congresso. Na Câmara dos Deputados e no Senado,  Milei deve enfrentar forte oposição , já que as duas Casas são compostas, em grande parte, por congressistas do Unión por la Patria, coalizão peronista do ministro da Economia e ex-candidato à presidência, Sergio Massa. 

Embora o partido de Milei, La Libertad Avanza, tenha alcançado muitas cadeiras no Congresso, o número ainda está longe de representar a maior parte das casas legislativas. Na Câmara, o número de deputados saltou de três para 38, de um total de 257. No Senado, o número aumentou de zero para sete, de um total de 72.

Mesmo contabilizando os congressistas do Juntos por el Cambio, coligação da ex-candidata à presidência Patricia Bullrich, que apoiou Milei no segundo turno e  assumirá como ministra da Segurança , o futuro presidente ainda não tem maioria no Senado e ultrapassa a metade na Câmara por apenas dois deputados. Coligações menores, como a Tercera Vía e a Izquierda, também se opõem a Milei.