Entidades judaicas reagem ao acordo de trégua entre Israel e Hamas

Presidente da Federação Israelita de SP e presidente-executivo da StandWithUs comentam sobre acordo de paz

A severa destruição na área de Al Remal em Gaza causada pelos ataques aéreos israelenses
Foto: Marwan Sawwaf/ Alef Multimedia/ Oxfam - 14/10/2023
A severa destruição na área de Al Remal em Gaza causada pelos ataques aéreos israelenses


Um acordo de trégua no  conflito entre Israel e Hamas foi firmado na noite desta terça-feira (21), segundo fontes oficiais. O gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu afirmou que aprovou um acordo de pausa temporária nos confrontos. Mais cedo, o premier israelense havia afirmado que “estamos avançando, espero que haja boas notícias em breve”. Já o líder do grupo terrorista, Ismail Haniyeh, escreveu em mensagem publicada no Telegram que “estamos perto de alcançar um acordo sobre uma trégua”.


As informações preliminares indicam que as negociações do acordo, que teve mediação do Catar e dos Estados Unidos, envolvem a libertação de 50 reféns, sendo 30 crianças e 20 mulheres, a partir de quinta-feira (23/11). Em troca, haveria uma pausa de quatro dias no conflito e Israel deverá libertar 150 prisioneiros palestinos. Os pontos discutidos abrem ainda frente para uma possível extensão do período sem confrontos entre as partes caso mais sequestrados pelo Hamas sejam devolvidos à Israel.

Segundo fontes oficiais, durante o ataque terrorista ao território israelense em 7/10 foram sequestradas pelo Hamas e grupos apoiadores 238 pessoas, todas elas levadas na condição de reféns para a Faixa de Gaza. Destes, 36 são crianças e jovens - incluindo dez bebês com menos de cinco anos - e 18 pessoas com mais de 75 anos. Os números incluem ainda 119 sequestrados que possuem cidadania estrangeira ou dupla cidadania.

“O fato é que esses reféns se tornaram peças perdidas no tabuleiro da guerra e seguem à mercê da invisibilidade. O recém anunciado acordo traz um lampejo de esperança para as famílias que aguardam há mais de 45 dias por algum sinal de vida dos seus entes levados pelo Hamas. É essencial que os sequestrados que não entrarem na lista inicial de libertados também tenham garantias de acesso à ajuda humanitária durante esse cessar-fogo temporário para que seja possível avaliar suas condições de saúde. Também é imperativo que a sociedade cobre ativamente que todos eles sejam devolvidos o quanto antes”, diz Marcos Knobel, presidente da Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp).

Para André Lajst, cientista político e presidente executivo da StandWithUs Brasil, é urgente a liberação de todos os reféns em Gaza. “Essa questão é muito séria, e parece não ser alvo de tanta preocupação das organizações mundiais, que deveriam se mobilizar e exigir o retorno desses civis inocentes, alguns sendo crianças pequenas, bebês de colo, nas mãos de terroristas. Não se sabe o que pode estar acontecendo com essas pessoas ou em quais condições elas estão sendo mantidas”.

Além das mais de duas centenas de sequestrados, o número de vítimas fatais do atentado à Israel, de acordo com os dados atualizados até o momento, é de 1.200 mortos e 8.650 feridos. Há 33 menores de 17 anos e 25 pessoas com mais de 80 anos entre os assassinados pelos terroristas do Hamas; 304 vítimas tinham cidadania estrangeira. Passados mais de 45 dias desde o ataque, os números não são ainda considerados definitivos e podem ser atualizados de tempos em tempos, segundo o governo israelense.

Família do único brasileiro entre os reféns do Hamas segue aguardando notícias

Enquanto a lista de sequestrados a serem devolvidos não é confirmada, a angústia segue consumindo as famílias das mais de 230 pessoas mantidas como reféns pelo Hamas. Entre aqueles que seguem aguardando notícias desde o violento ataque do grupo terrorista, está a família do brasileiro Michel Nisenbaum , de 59 anos.

Lajst acredita que “o Brasil poderia fazer uma maior pressão para que um refém de nacionalidade brasileira fosse libertado, ou ao menos para o fornecimento de qualquer tipo de notícia, a fim de amenizar o sofrimento da família”.

Originário de Niterói (RJ), o técnico de informática imigrou para Israel aos 12 anos. Ele é pai de duas filhas, avô de cinco netos, aguardando a chegada do sexto. Toda a família espera em agonia por informações sobre seu estado de saúde, incluindo Mary Shohat, sua irmã, que expressa a dor em não saber o que está acontecendo, mas mantém a esperança no retorno de seu irmão e dos demais reféns levados pelo Hamas.

A família relata que, no dia 7/10, Michel saiu de sua casa em Sderot, sul de Israel, às 06h57 da manhã, para buscar a neta. Pouco tempo depois, quando uma de suas filhas ligou para ele, um terrorista atendeu o celular – ela escutou palavras em árabe e gritos de "Hamas, Hamas" durante a ligação. Michel já estava sob o poder de sequestradores. Desde então, não há notícias sobre a situação dele. Algumas semanas depois do ataque, o carro de Michel foi encontrado queimado na Faixa de Gaza.

“Contamos com a diplomacia brasileira para que seja possível avançar nas negociações para a libertação de Michel, assim como tantos outros civis que seguem em poder do Hamas. Esperamos que nossas lideranças políticas ajam ativamente em prol da vida deste que é o único brasileiro entre os reféns em poder dos terroristas", reforça Knobel.

Fisesp e StandWithUs Brasil reiteram ainda o compromisso com as famílias de  Michel Nisenbaum e de todos os sequestrados pelo Hamas, colaborando como ponte para o debate com autoridades brasileiras e a comunidade internacional visando alcançar a resolução pacífica e imediata desse episódio angustiante.