O comissário-geral da agência da ONU para refugiados palestinos (UNRWA, na sigla em inglês), Phlilippe Lazzarini, afirmou que "o inferno está se instalando" na Faixa de Gaza. "A realidade hoje em Gaza é que não resta muita humanidade e o inferno está se instalando", disse ele, em artigo publicado no jornal britânico The Guardian nesta quinta-feira (26).
Segundo ele, "a história vai nos julgar se não houver um cessar-fogo em Gaza". "As gerações futuras saberão que assistimos ao desenrolar desta tragédia humana nas redes sociais e nos canais de notícias. Não poderemos dizer que não sabíamos. A história perguntará por que o mundo não teve a coragem de agir de forma decisiva e acabar com este inferno na Terra", escreveu Lazzarini.
Em relatório de guerra divulgado nesta quinta-feira, a UNRWA afirma que os abrigos da agência na Faixa de Gaza estão em superlotação, e que a situação causa uma "preocupação séria". "Alguns abrigos acolhem atualmente 10 a 12 vezes mais pessoas do que a capacidade prevista", diz o documento.
Nesta quarta-feira (25), a diretora de comunicação da UNRWA, Juliette Touma, havia dito à Sky News que se combustível não entrasse em Gaza ontem, os funcionários da agência teriam "de tomar algumas decisões muito difíceis amanhã de manhã [hoje] que nenhum trabalhador humanitário deveria ser forçado a tomar".
Desde o início da guerra, Gaza está sob um cerco total imposto por Israel, sem acesso a alimento, água, combustível, medicamentos e eletricidade. No último final de semana, alguns comboios entraram na região com ajuda humanitária
, mas as agências afirmam que a quantidade é insuficiente. Segundo a Oxfam, a região está tendo acesso a apenas 2% da quantidade habitual de alimento.
Além disso, não foi permitida a entrada de combustível em Gaza, o que impede que trabalhadores humanitárias distribuam a ajuda que conseguiu chegar à região. Sem eletricidade, o combustível também é fundamental para manter o funcionamento de geradores em hospitais.
No artigo publicado no Guardian, Lazzarini disse que "20 caminhões com alimentos e medicamentos são uma gota no oceano para as necessidades de mais de 2 milhões de civis". "Sem combustível, não haverá resposta humanitária, nem a ajuda chegará às pessoas necessitadas, nem energia para os hospitais, nem água, nem pão", completou.