Destruição na Faixa de Gaza
Divulgação/ONU
Destruição na Faixa de Gaza

O comissário-geral da agência da ONU que auxilia os refugiados palestinos (UNRWA), Philippe Lazzarini, informou neste domingo (15) que a organização não tem mais condições de ajudar as pessoas na Faixa de Gaza, que está sob cerco total imposto por Israel.

"A partir de hoje, os meus colegas da UNRWA em Gaza já não são capazes de prestar assistência humanitária", disse ele, em entrevista coletiva. "A menos que tragamos agora suprimentos para Gaza, a UNRWA e os trabalhadores humanitários não poderão continuar as operações humanitárias. As operações da UNRWA representam a maior presença das Nações Unidas na Faixa de Gaza e estamos à beira do colapso. Isto é absolutamente sem precedentes", completou.

Com a invasão iminente de Israel no norte da Faixa de Gaza , os palestinos se deslocaram para o sul da região. Segundo a ONU, pelo menos 1 milhão de pessoas deixaram suas casas em uma semana.

Com isso, os funcionários da UNRWA também se deslocaram para o sul para prestar ajuda humanitária - ao menos 400 mil pessoas estão em escolas e edifícios da UNRWA. Com o cerco total, porém,  falta comida, água, eletricidade e alimentos para ajudar os refugiados.

"Não há uma gota de água, nem um grão de trigo, nem um litro de combustível que tenha sido autorizado a entrar na Faixa de Gaza durante os últimos oito dias", disse Lazzarini.

O comissário-geral da UNRWA afirma que "nenhum lugar é seguro em Gaza", e descreve as condições sanitárias como "terríveis". "Temos relatórios de lugares onde centenas de pessoas compartilham apenas um banheiro", disse ele. "Gaza está ficando sem sacos para cadáveres", completou.

"Idosos, crianças, mulheres grávidas e pessoas com deficiência estão simplesmente sendo privados da sua dignidade humana básica, e isto é uma vergonha total", afirmou Lazzarini.

ONU diz que guerras têm leis

Em sua fala, Lazzarini condenou os ataques do grupo Hamas a Israel no dia 7 de outubro, que deu início às ações de Israel , como o cerco em Gaza e os ataques à região. "O ataque e a tomada de reféns constituem uma violação flagrante do direito humanitário internacional", disse ele.

O comissário-geral da UNRWA, porém, afirmou que "a resposta para matar civis não pode ser matar mais civis". "Impor um cerco e bombardear infraestruturas civis numa área densamente povoada não trará paz e segurança à região", disse.

"As guerras, todas as guerras, mesmo esta guerra, têm leis. O direito internacional humanitário é o direito de qualquer conflito armado. A proteção dos feridos e dos civis, incluindo os trabalhadores humanitários, não é negociável", declarou.

Lazzarini afirmou, ainda, que o cerco a Gaza é um "castigo coletivo". "Antes que seja tarde demais, o cerco deve ser levantado e as agências humanitárias devem ser capazes de trazer com segurança suprimentos essenciais, como combustível, água, alimentos e medicamentos. E precisamos disso agora", completou.  

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