Cartazes com fotos da jornalista palestina Shireen Abu Akleh
Foto: Courtesy of UN - 20.06.2022
Cartazes com fotos da jornalista palestina Shireen Abu Akleh

O Exército de Israel admitiu que existe uma "grande possibilidade" de que a  jornalista palestino-americana Shireen Abu Akleh tenha sido morta por uma bala disparada por um soldado israelense.

A conclusão está em um relatório divulgado pelas Forças de Defesa de Israel (IDF) nesta segunda-feira (5), quase quatro meses após o assassinato da repórter da Al Jazeera durante uma operação militar no campo de refugiados de Jenin, na Cisjordânia ocupada.

Abu Akleh, que usava um colete à prova de balas com a palavra "press" ("imprensa") e capacete, foi morta com um tiro na cabeça.

"Existe uma grande possibilidade de que Abu Akleh tenha sido atingida por um tiro da IDF disparado contra suspeitos identificados como palestinos armados", diz o relatório do Exército israelense, que admitiu pela primeira vez a possibilidade de culpa no homicídio da jornalista.

O documento afirma que "não é possível determinar inequivocamente qual tiro a matou", mas ressalta que "há uma grande probabilidade de que ela tenha sido atingida por um soldado da IDF que não a identificou como jornalista".

Nas horas seguintes ao assassinato, o governo de Israel chegou a insinuar publicamente que Abu Akleh pudesse ter sido morta por "palestinos armados".

Mais tarde, em junho, uma investigação realizada pelo Escritório de Direitos Humanos da ONU concluiu que o tiro fatal partiu das forças de segurança de Israel.

O relatório do Exército ainda destaca uma "possibilidade relevante" de que a repórter tenha sido baleada por fogo palestino e diz que os tiros dos soldados israelenses tinham como objetivo "neutralizar terroristas".

A Procuradoria Militar não vai abrir um inquérito penal sobre o caso, de forma que nenhum soldado de Israel será punido pela morte da jornalista.

Após a divulgação do relatório, o porta-voz da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Nabil Rudeinah, afirmou que essa é uma "nova tentativa de Israel de fugir da própria responsabilidade no homicídio". "Todas as provas, os fatos e os inquéritos conduzidos até agora comprovam que Israel é culpado por esse crime", reforçou.

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