O brasileiro Fernando Andres Sabag Montiel, que tentou assassinar na quinta-feira a vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, passa seu tempo em confinamento solitário, monitorado com câmeras e guarda dupla. As investigações, por sua vez, puderam confirmar que a arma usada no crime pertencia originalmente a um ex-vizinho do acusado, que morreu há dois anos.
Ao jornal La Nación, fontes policiais afirmaram que o "suspeito está na cela número um" da sede da Superintendência de Investigações Federais da Polícia Federal argentina, no bairro de Palermo, na capital. Ele é vigiado por dois guardas e monitorado por câmeras de segurança.
Ao mesmo jornal, uma pessoa que teve contato com Sabag Montiel nas últimas horas disse que ele ainda está "em choque. Acelerado. Confuso". Teria dito às autoridades que não precisa de nada e que não precisava entrar em contato com ninguém sobre sua situação.
As investigações, contudo, seguem em ritmo veloz: o processo já teria mais de 2 mil páginas, reunindo inclusive depoimentos. Vários apoiadores da vice-presidente já falaram com a Justiça, além de seus agentes de segurança. Cristina também prestou depoimento na sexta à juíza María Eugenia Capuchetti e ao promotor Carlos Rívolo, que conduzem o inquérito.
A hipótese principal é de que o brasileiro trabalhou sozinho, mas as autoridades disseram não descartar a possibilidade de cúmplices, analisando as redes sociais do acusado atrás de respostas. Investigam os agentes da guarda de Cristina, devido às falhas maciças em sua segurança. Segundo analistas, os policiais erraram ao não isolar o perímetro, ao não detectarem o perigo e, depois, ao não proteger a vice após a tentativa de magnicídio e depois ao demorar para evacuá-la.
Mais detalhes sobre a perícia também vem à tona: desde sexta, já se sabia que a arma usada por Sabag Montiel estava apta para disparar e havia sido disparada recentemente. Segundo o site Infobae, pôde-se determinar também que a pistola Bersa calibre 32 era quadragenária e que as cinco balas nela encontradas eram reais.
Ao site, uma fonte disse que os peritos fizeram cerca de 50 disparos para testar a arma, e todos os disparos aconteceram como os esperado. Confirmou-se também que na hora do disparo feito pelo brasileiro na direção do rosto da política kirchnerista, não havia munição na câmara.
A Polícia Federal determinou, de acordo com o Infobae, que Sabag Montiel acidentalmente não acionou o dispositivo manual para pôr a bala em posição para o disparo ou não quis fazê-lo. As autoridades tentaram falar com o brasileiro na sexta, em uma audiência ao lado de seu defensor público, Martín Hermida, mas ele optou por permanecer em silêncio e não explicar suas motivações.
Ele, contudo, usou expressões racistas para culpar apoiadores da vice-presidente pelos machucados no seu rosto e confirmou que a arma usada no crime era de um amigo. A polícia pôde confirmar que a pistola veio da região de Villa del Parque, bairro da capital onde viveu por anos com sua família.
O número de série da arma estava parcialmente raspado, com apenas a sequência "250" visível. A polícia, contudo, pôde recuperar o número completo, descobrindo que o dono original da peça era César Bruno Herrera, um ex-vizinho de mais de 50 anos que vivia a poucas quadras do antigo endereço do brasileiro.
O último registro da pistola era de 2002, quando foi transferida para Herrera, que supostamente trabalhava como motorista e morreu há dois anos. Não está claro, contudo, se o antigo vizinho deu a arma para Sabag Montiel ou se o brasileiro a roubou.
O acusado não tinha autorização para carregar armas, mas a varredura em sua casa, um conjugado que alugava há outo meses, encontrou caixas de munições marca Magtech, calibre 9mm, que continham, no total, 100 balas. Também foram apreendidos um computador laptop marca HP e documentos pessoais do preso e de seus parentes.
Por isso, responde por três acusações criminais: a primeira é a tentativa de homicídio qualificado contra a vice-presidente. Segundo os autos a que o Infobae teve acesso, o acusado apontou a arma "acionando o gatilho ao menos uma vez sem que o disparo acontecesse, apesar da arma estar carregada com cinco cartuchos de balas do mesmo calibre e estar apta para seus fins específicos".
A segunda acusação é pelo porte irregular da arma, já que não tinha a documentação necessária para fazê-lo e o número de série do armamento estava raspada. A terceira é pelos cartuchos encontrados em sua casa, que não tinha autorização para possuir.
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