O governo da Rússia acusou 92 membros das forças armadas da Ucrânia de crimes contra a humanidade nesta segunda-feira (25) e propôs a criação de um tribunal internacional para a atual guerra - em medida apoiada por países como Bolívia, Irã e Síria.
O chefe da comissão de investigação russa, Alexander Bastrykin, afirmou ao site estatal Rossiyskaya Gazeta que foram abertas mais de 1,3 mil investigações sobre o conflito. Para Moscou, os militares ucranianos "estão envolvidos em crimes contra a paz e contra a segurança da humanidade, que não têm prescrição".
Bastrykin afirmou que os 92 comandantes foram indiciados, bem como alguns subordinados, e que outras 96 pessoas estão sendo procuradas, incluindo 51 comandantes das forças armadas. O russo ainda acusou os países ocidentais de apoiarem o "nacionalismo ucraniano" e criticou a Organização das Nações Unidas (ONU) por suas "posições dúbias".
A medida está sendo vista como uma forma do Kremlin retaliar Kiev que também tem uma comissão de investigação de crimes de guerra russos e já teria conseguido provas de, ao menos, 21 mil atos do tipo desde 24 de fevereiro, quando os ataques de Moscou foram iniciados.
Não apenas a Ucrânia acusa os russos de crimes de guerra, mas instituições internacionais como ONU e a Organização para a Segurança e Cooperação da Europa (OSCE), também acusam Moscou por conta dos ataques contra prédios e estruturas civis.
Porto de Odessa
Após admitir que fez um ataque contra o Porto de Odessa, no sul da Ucrânia, o porta-voz do presidente Vladimir Putin, Dmitry Peskov, disse que a ação não visou atuar contra o acordo fechado horas antes com Kiev sobre a exportação de grãos e cereais ucranianos.
"O ataque não está, de maneira nenhuma, ligado à infraestrutura utilizada para o cumprimento do acordo para a exportação de grãos", disse em sua coletiva diária para a mídia russa.
No entanto, neste domingo (24), o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou que a ação militar - que teria atingido um navio e um depósito de armamentos - é uma forma de mostrar que a Rússia "vai encontrar uma maneira de não implantar" o pacto firmado na última sexta-feira (22).
O acordo tem como principal ponto a criação de corredores seguros para o escoamento de cereais através de três portos ucranianos no Mar Negro: Odessa, Chornomorsk e Yuzhne.
Nesta segunda-feira, a emissora norte-americana CNN afirmou, porém, que os Estados Unidos e a Ucrânia estão trabalhando em um "plano B" para o escoamento dessa produção após o ataque russo.
"O plano B prevê a utilização de estradas, ferrovias e rios, com barcaças e adequação do sistema ferroviário que esteja melhor alinhado com os europeus, para que a produção possa sair o mais rápido possível", disse uma representante da agência norte-americana para desenvolvimento internacional, Samantha Power.
Segundo a representante, o "plano de emergência" é necessário "porque não se pode confiar em Putin".
As falas ocorreram durante uma visita de Power à Somália, sendo que o país africano importa da Ucrânia mais da metade dos grãos utilizados no país. A representante ainda confirmou que são mais de 20 milhões de toneladas de cereais parados nos blocos que Kiev ainda gere.
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