O ex-conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos John Bolton admitiu publicamente que governos do país ajudaram em golpes de Estado em outras nações na história recente durante uma entrevista à "CNN" nesta terça-feira (12).
O representante atuou como conselheiro durante o governo do ex-presidente Donald Trump (2017-2021), mas está no topo da política norte-americana desde a década de 1980, com passagens pelo Departamento de Justiça e de Estado e presença em todos os governos republicanos desde então. Ele deixou o governo do ex-mandatário em 2019.
Bolton foi questionado pelo jornalista Jake Trapper se Trump tentou dar um golpe nos Estados Unidos por conta da invasão no Capitólio em 6 de janeiro de 2021 ao que Bolton deu a entender que o ex-mandatário não conseguiria realizar a ação "cuidadosamente planejada".
"Eu não concordo com isso [golpe de Trump]. Como alguém que ajudou a planejar golpes de Estado, não aqui, mas, você sabe, em outros países, isso dá muito trabalho. Ele [Trump] estava pulando de uma ideia para outra e eventualmente soltou os manifestantes contra o Capitólio, não há dúvida disso. Mas, era Donald Trump cuidando de Donald Trump", disse ao jornalista.
O ex-representante ainda afirmou que o que ocorreu em janeiro de 2021 "não foi um ataque à democracia" e que é um fato que acontece "uma vez na vida".
Questionado a sobre quais ações internacionais se referia, o ex-conselheiro afirmou que "não poderia entrar nas especificidades".
Então, Trapper questionou sobre a Venezuela e o apoio do governo dos EUA ao opositor Juan Guaidó em detrimento de Nicolás Maduro.
"Lá não foi bem sucedido. Não que nós tivéssemos muito a ver com isso, mas eu vi o trabalho que deu para a oposição tirar um presidente eleito de maneira ilegal e falhar", afirmou.
O jornalista tentou ainda arrancar mais informações, dizendo que "parecia que Bolton não estava falando tudo" ao que o ex-conselheiro respondeu que "com certeza há".
Os EUA são apontados como financiadores ou organizadores de golpes de Estado em diversas ocasiões na América Latina - como no Brasil, em 1964, onde documentos provam que o então presidente Lyndon Johnson havia sido informado com antecedência do que ocorreria aqui.
Os norte-americanos também ajudaram a derrubar o governo iraniano de 1953, do então presidente Mohammad Mosaddegh. Bolton foi uma das principais vozes para a invasão do Iraque (2003-2011) contra as supostas armas químicas de Saddam Hussein, que se comprovaram uma mentira, e defendeu que os EUA "bombardeassem" a Coreia do Norte e o Irã.
Além disso, em novembro de 2018, Bolton fez uma visita oficial à casa do presidente Jair Bolsonaro.
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