Depois de ver o presidente Gotabaya Rajapaksa deixar o Sri Lanka na tarde de terça-feira (madrugada desta quarta-feira no horário local) em um avião militar com destino às Maldivas, manifestantes invadiram o principal canal de TV pública do país enquanto outros tomaram o escritório do primeiro-ministro, Ranil Wickremesinghe, horas depois de ele ter sido nomeado presidente interino do país.
Um grupo formado por mulheres e homens rompeu a barreira feita por militares e entrou no escritório com bandeiras do país. A polícia e o exército tentaram conter os manifestantes com gás lacrimogêneo e jatos d’água, mas não conseguiram.
Em discurso exibido na TV pouco após a invasão, o primeiro-ministro pediu para exército e polícia “reestabelecer a ordem”. Pouco antes, o gabinete de Wickremesinghe havia declarado estado de emergência, impondo um toque de recolher na capital.
“O presidente deixou o país, é declarado estado de emergência para lidar com a situação”, disse à AFP o porta-voz do primeiro-ministro, Dinouk Colombage.
Protesters have taken over the Prime Minister's office in Colombo
📸 @Skandha92 pic.twitter.com/wdgagxC80P— NewsWire 🇱🇰 (@NewsWireLK) July 13, 2022
O presidente, Gotabaya Rajapaksa, de 73 anos, sua esposa e um guarda-costas deixaram o país a bordo de um avião Antonov-32 que decolou do principal aeroporto internacional, disseram autoridades de imigração à AFP. Na segunda-feira, Rajapaksa cogitou voar para Dubai, mas sua tentativa foi frustrada pelo serviço de imigração.
Fuga para as Maldivas
O chefe de Estado fugiu da residência oficial, em Colombo, no fim de semana, pouco antes de o local ser invadido por milhares de manifestantes. Ele e sua esposa passaram a véspera da viagem planejada a Dubai em uma base militar, segundo fontes oficiais.
No aeroporto, porém, os funcionários do serviço de imigração negaram acesso à sala VIP para carimbar seu passaporte — Rajapaksa queria evitar o terminal público por medo da reação dos cingaleses. Seu irmão, Basil, que renunciou ao cargo de ministro das Finanças em abril, também não conseguiu embarcar.
"Alguns passageiros protestaram contra o embarque de Basil em seu voo", afirmou à AFP um funcionário do aeroporto. Foi uma situação tensa, e ele decidiu sair do aeroporto preventivamente.
Basil, que tem dupla nacionalidade, precisou obter um novo passaporte depois que deixou o seu na mansão presidencial quando a família foi obrigada a fugir antes da invasão da multidão furiosa, afirmou uma fonte diplomática. Segundo fontes oficiais, na residência foram encontradas uma mala repleta de documentos e 17,85 milhões de rúpias (R$ 262 mil), que foram entregues às autoridades.
Rajapaksa prometeu que renunciaria na quarta-feira e abriria caminho para uma "transição pacífica". No entanto, como ainda não renunciou, beneficia-se da imunidade presidencial e pode utilizá-la para buscar refúgio no exterior.
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