O primeiro-ministro demissionário do Reino Unido, Boris Johnson , desistiu de se casar em Chequers, a residência de campo do governo britânico, disse a imprensa local nesta sexta.
A cerimônia no fim do mês era apontada por críticos como um dos motivos pelos quais o premier insistiu na sua permanência interina no comando do país, até que um sucessor seja escolhido, após renunciar na quinta à liderança do Partido Conservador.
O premier e sua mulher, Carrie, buscam um novo espaço para realizar o evento, apesar de já terem convidado parentes e amigos para a casa oficial em Buckinghamshire, a cerca de 70 km de Londres. Durante seus três anos em Downing Street, Boris viajou frequentemente para a propriedade do século XVI.
Johnson e Carrie, que juntos têm dois filhos, já são casados: trocaram alianças no ano passado, em uma cerimônia pequena na Catedral de Westminster, com cerca de 30 convidados devido às restrições pandêmicas. Esperaram a Covid arrefecer para comemorar o casamento, o terceiro do premier, em uma festa maior.
Ao jornal The Guardian, fontes próximas ao primeiro-ministro negam que as críticas tenham algo a ver com a mudança de planos, apesar do timing. Após semanas de forte pressão por escândalos consecutivos e uma economia que sofre os efeitos acumulados da pandemia, da guerra e do Brexit, Boris renunciou depois de uma debandada de integrantes do seu governo — foram quase 60 pedidos de demissão em 48 horas.
Na manhã desta sexta, o novo ministro da Educação, James Cleverly, havia dito em uma entrevista à rádio BBC que o sucessor de Boris deveria permitir que o casal realizasse a festa em Chequers:
"Seria uma ação muito generosa se o novo primeiro-ministro permitisse", disse ele. "Eventos privados como este não pesam nos cofres públicos (...). Acho que é indelicado ser negativo sobre duas pessoas que querem celebrar seu casamento e seu amor um pelo outro".
Não está claro, contudo, se haverá um novo primeiro-ministro até lá. Na quinta-feira vozes críticas ao premier dentro de seu próprio partido defendiam que ele abandonasse tanto a liderança conservadora quanto o comando do país de imediato, defendendo que um nome interino fosse indicado para substituí-lo.
O grupo, contudo, perdeu força nas últimas 24 horas, e agora parece quase certo que Boris continuará na chefia do governo até que o novo líder conservador seja eleito. A sobrevida do premier pode ser longa, já que o processo de escolha pode levar meses: a previsão é que acabe entre setembro e outubro.
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