A guerra na Ucrânia completa cem dias nesta sexta-feira. Em meio a crise de refugiados, mortes e destruição, a ONU ressaltou em comunicado não haverá um vencedor mesmo no dia em que o conflito chegar ao fim.
"Esta guerra teve um preço inaceitável para as pessoas e tomou praticamente todos os aspectos da vida civil. Esta guerra não tem e não terá vencedor. Em vez disso, testemunhamos por 100 dias o que está perdido: vidas, lares, empregos e perspectivas. Testemunhamos destruição e devastação em cidades, vilas e aldeias. Escolas, hospitais e abrigos não foram poupados", ressaltou o coordenador de crises da ONU, Amin Awad.
Ainda não há qualquer perspectiva para o fim da guerra, já que Moscou e Kiev tem aspirações conflitantes que dificultam as negociações. A ONU já teme que a batalha se prolongue até o inverno, quando "milhões de vidas civis podem estar em perigo", sem abrigo e insumos necessários para sobreviver.
"destacou Mais de 3 milhões de crianças tiveram a educação suspensa – uma geração inteira cujo futuro está em jogo. Em todo o país, centenas de milhares de pessoas não têm acesso a água e eletricidade, e milhões não sabem de onde virá sua próxima refeição. 15,7 milhões de pessoas precisam de apoio humanitário agora, com números crescentes", Awad.
O coordenador acrescentou ainda que nos últimos 100 dias, o órgão global ofereceu ajuda humanitária a cerca de 8 milhões de pessoas em todo o país e busca caminhos para mitigar os impactos globais da guerra na segurança alimentar.
"Nossos esforços incansáveis para responder ao impacto devastador da guerra continuarão de forma robusta e firme. Mas acima de tudo precisamos de paz. A guerra deve terminar agora", disse.
O que pode encerrar o conflito?
O equilíbrio de forças militares, o domínio territorial, o apoio de outros países à Ucrânia e os custos econômicos e políticos para as partes beligerantes e para outros Estados determinam como a guerra vai terminar. Os cenários mais prováveis são a anexação de partes ocupadas pela Rússia — seja em nome de Moscou ou por meio de aliados separatistas — ou a retomada total das áreas perdidas na invasão.
Há ainda possibilidades menos plausíveis, como a recuperação pela Ucrânia dos territórios tomados em 2014, uma mudança de regime no Kremlin, ou então a expansão do conflito em uma guerra mais ampla entre a Rússia e os países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). O secretário-geral da aliança, Jens Stoltenberg, fez anteontem uma análise fria do futuro:
"Guerras são imprevisíveis. Conseguimos prever a invasão, mas é muito difícil prever como essa guerra vai evoluir. O que sabemos é que quase todas as guerras terminam em algum momento na mesa de negociações", afirmou.
O controle sobre os territórios ocupados da Ucrânia é um dos maiores entraves ao diálogo. Há três possibilidades: a Rússia pode manter o domínio das áreas invadidas na guerra; retroceder até as linhas de 24 de fevereiro; ou então a Ucrânia pode recuperar territórios perdidos em 2014.
Entre no canal do Último Segundo no Telegram
e veja as principais notícias do dia no Brasil e no Mundo. Siga também o perfil geral do Portal iG.