Rússia derrubou internet via satélite antes de invasão à Ucrânia
Segundo EUA, Reino Unido, Canadá e União Europeia, ações atribuídas a Moscou impactaram milhares de consumidores no continente
Governos ocidentais acusaram, nesta terça-feira, a Rússia de estar por trás de uma série de ciberataques nas semanas que antecederam o início da invasão à Ucrânia, no final de fevereiro. Em declarações conjuntas, EUA, Reino Unido, Canadá e a União Europeia listaram eventos que vão desde a invasão de sites do governo ucraniano, a disseminação de um "malware" até a derrubada do acesso de milhares de pessoas à internet via satélite.
"As operações cibernéticas disruptivas começaram em janeiro de 2022, antes da invasão ilegal da Ucrânia pela Rússia, e continuaram ao longo da guerra", afirmou, em comunicado, o secretario de Estado dos EUA, Antony Blinken.
Segundo a denúncia, a mais grave das ações ocorreu no dia 24 de fevereiro, cerca de uma hora antes do início da invasão russa: neste momento, a rede da empresa Viasat, fornecedora de serviços de internet via satélite na Europa, sofreu um grande ataque, que teria como objetivo principal interromper ou ao menos atrapalhar a comunicação dentro das Forças Armadas ucranianas. Contudo, a ação acabou atingindo consumidores de fora da Ucrânia, incluindo unidades de produção de energia eólica na Europa.
— Depois que esses modems foram desconectados, não era mais possível desligá-los e ligá-los novamente para que voltassem a funcionar — disse à Reuters o diretor de Cibersegurança da Agência de Segurança Nacional dos EUA, Rob Joyce, durante uma conferência sobre o tema nesta terça-feira. — Eles foram derrubados e derrubados de forma dura. Precisaram voltar para a fábrica para que fossem substituídos.
Segundo especialistas ouvidos pela Reuters, o ataque provocou "uma grande perda em termos de comunicações nos primeiros momentos da guerra" — a Viasat tem contratos para fornecer internet para unidades militares e da polícia na Ucrânia.
Nos primeiros movimentos da guerra, especialistas apontavam para o risco dos dois lados — Rússia e Ucrânia — apelarem para ciberataques como forma de minar as defesas do lado inimigo e provocar estragos "reais", como contra instalações de produção e transmissão de energia, sistemas bancários e, como aparentemente foi o caso da Viasat, o acesso à internet.
— Esse foi o maior evento individual — afirmou Joyce. — Certamente ele troxe novos elementos, mas ocorreram múltiplos ataques [além do ataque do dia 24 de fevereiro].
Em comunicado, a Viasat afirma ter tomado conhecimento do anúncio e afirmou que pretende continuar a trabalhar com os governos para investigar o ataque.
No comunicado, Truss chamou a ação de "deliberada e maliciosa", e que teve "consequências significativas para pessoas comuns e negócios na Ucrânia e ao redor da Europa".
"Continuaremos a atacar o comportamento maligno da Rússia e sua agressão não provocada por terra, mar e ciberespaço, e garantir que eles enfrentem sérias consequências", disse a chanceler.
Blinken, por sua vez, disse que está "tomando medidas para se defender das ações irresponsáveis da Rússia".
"O governo dos EUA desenvolveu novos mecanismos para ajudar a Ucrânia a identificar ameaças cibernéticas e se recuperar de incidentes do tipo. Também incrementamos nosso apoio à conectividade ucraniana, incluindo ao fornecer telefones por satélite e terminais de informações para o governo, provedores de serviços e operadores de sistemas de infraestrutura", disse Blinken no comunicado. "Elogiamos os esforços da Ucrânia, dentro e fora do governo, para se defender e se recuperar de tais atividades, mesmo com seu país sob ataque físico."
A Rússia não comentou as acusações feitas nesta terça-feira. No passado, o país rejeitou fazer uso de ciberataques contra empresas e nações soberanas.
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