'Acesso ao aborto seguro salva vidas', afirma diretor da OMS
Apelo de Tedros Adhanom foi feito adois dias após vazamento do esboço de decisão da Corte dos EUA revogando a legalização da interrupção da gravidez no país
O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, fez um apelo nesta quarta-feira a favor do direito ao aborto , dois dias após o vazamento do esboço de uma decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos favorável à revogação da decisão Roe vs. Wade, de 1973, que legalizou em todo o país a possibilidade de uma mulher interromper uma gravidez.
"Restringir o acesso ao aborto não reduz o número de procedimentos, apenas leva as mulheres e meninas a realizarem procedimentos inseguros. O acesso ao aborto seguro salva vidas", escreveu Adhanom no Twitter, sem mencionar diretamente os Estados Unidos.
O documento interno do tribunal foi divulgado pelo site Politico na segunda-feira e gerou uma onda de protestos. Na terça-feira, o presidente da corte, John Roberts, confirmou a autenticidade do esboço e anunciou que ordenou uma investigação sobre o vazamento, classificando-o como "uma quebra de confiança única e escandalosa".
Roberts acrescentou que o documento — de autoria do juiz conservador Samuel Alito — não representa "a posição final de nenhum membro" da Casa.
Democratas nos estados, o governo federal e ativistas pró-aborto começaram a se mobilizar para tentar garantir a continuidade do direito ao aborto via legislação federal aprovada no Congresso, evitando que uma possível reversão da decisão judicial de 1973 — algo que vem sendo impulsionado por republicanos e conservadores religiosos — retire das mulheres a possibilidade legal de interromper a gravidez em todo o país.
O presidente Joe Biden afirmou que os eleitores terão que eleger mais membros do Congresso que apoiem o direito ao aborto para que seja possível converter o caso Roe vs Wade em lei.
Ele reforçou ainda que a derrubada nacional do direito ao aborto pela Suprema Corte abriria a porta para mudar as decisões sobre uma "ampla gama" de questões que afetam a privacidade das mulheres.
“Toda uma série de direitos está em questão”, disse Biden a repórteres, alertando para uma "mudança fundamental" nas posições atualmente aceitas sobre casamento gay, ter filhos ou abortos e paternidade.
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