O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) informou nesta terça-feira (12) que cerca de 4,8 milhões de crianças ucranianas precisaram fugir de suas casas por conta da guerra . Isso representa cerca de dois terços dos 7,5 milhões de pessoas nessa faixa etária no país, em cálculo que inclui os que foram para outras nações como os deslocados internos.
O relatório do Unicef ainda aponta que o fechamento das escolas está tendo um impacto direto sobre a aprendizagem e o futuro de 5,7 milhões de crianças em idade escolar e 1,5 milhão de estudantes que frequentam níveis superiores. Na região separatista do Donbass, uma geração inteira viu suas vidas e sua educação serem duramente afetadas pelo conflito que, ali, já dura mais de oito anos.
Segundo o diretor de Programas do Unicef, Manuel Fontaine, "em apenas seis semanas, quase dois terços de todas as crianças ucranianas viraram deslocadas".
"Elas foram obrigados a deixar tudo para trás: as suas casas, as suas escolas e, muitas vezes, os seus familiares. As crianças não acompanhadas são ainda expostas a maiores riscos de violência, abuso, exploração e tráfico. Também as mulheres enfrentam riscos desse tipo. Estamos extremamente preocupados com as sempre maiores notícias de violência sexual e outros tipos de violência de gênero", explicou Fontaine.
Além dos problemas de envio de ajuda humanitária para essas pessoas em áreas de conflitos, o diretor alerta que o órgão está "particularmente preocupado com a difundida presença de resíduos bélicos explosivos que continuam a expor as crianças ao risco de mortes e lesões horríveis".
O documento ainda aponta para os riscos que correm aqueles que não fugiram de suas residências: cerca de 1,5 milhão deles correm risco de passar fome porque não tem comida suficiente em casa e não conseguem receber ajuda.
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Os ataques russos contra a infraestrutura civil provoca constantes problemas no fornecimento de energia elétrica e no sistema hídrico. Estima-se que 1,4 milhão de ucranianos estão vivendo sem água encanada há semanas e outros 4,6 milhões têm acesso limitado.
O boletim ainda informa que conseguiu confirmar a morte de 142 crianças desde o início dos ataques, em 24 de fevereiro, e 229 feridos.
"Voltei na última semana de uma missão na Ucrânia. Nos meus 31 anos como operador humanitário, raramente eu vi tantos danos causados em tão pouco tempo. A situação é ainda pior em cidades como Mariupol e Kherson, onde as crianças e suas famílias ficaram por semanas sem água corrente e serviços de higiene, sem fornecimento regular de comida e medicamentos", relatou ainda Fontaine.
"Eles se refugiam em suas casas em abrigos subterrâneos, esperando que as bombas e a violência cessem. Sabemos ainda que esses números são possivelmente mais altos - muitos dos quais causados por fogo cruzado ou pelo uso de armas explosivas em áreas populacionais. Também todos os sistemas que ajudam as crianças a sobreviver estão sob ataque: hospitais, estruturas sanitárias e outros compartimentos médicos - além das equipes sanitárias serem feridas", pontuou.
Por conta da lei marcial, instituída logo nos primeiros dias de guerra, homens de 18 a 60 anos devem permanecer na Ucrânia para lutar pelo país. Por isso, a imensa maioria dos deslocados é formada por mulheres, crianças e adolescentes.
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