Por questões de logística e segurança, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) irá liderar apenas na sexta-feira uma operação de retirada de civis da cidade ucraniana de Mariupol , sitiada por forças russas há mais de quatro semanas. Na quarta, Moscou anunciou um cessar-fogo que passaria a valer a partir das 4h (horário de Brasília) desta quinta-feira, para abrir um corredor humanitário com a participação direta de representantes do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) e do CICV. Mas os bombardeios continuaram.
O CICV já fez várias tentativas frustradas de organizar retiradas da cidade no litoral do Mar de Azov, no Sudeste da Ucrânia. Nesta quinta, Ewan Watson, porta-voz da organização, disse que a Ucrânia e a Rússia devem concordar com os termos exatos da operação,acrescentando que "dezenas de milhares" de vidas dependem do sucesso da operação.
Uma equipe da Cruz Vermelha já está em Zaporíjia, a 220 km de Mariupol, com itens de emergência, alimentos e suprimentos médicos para facilitar a passagem segura de civis para fora da cidade cercada e levar ajuda para a cidade. O governo ucraniano, por sua vez, anunciou o envio de 45 ônibus para transportar civis da cidade portuária para Zaporíjia.
"Por razões de logística e segurança, estaremos prontos para liderar a operação de passagem segura amanhã, sexta-feira, desde que todas as partes concordem com os termos exatos, incluindo a rota, o horário de início e a duração" disse Watson à Reuters. "É vital que essas operações aconteçam. A vida de dezenas de milhares de pessoas em Mariupol depende disso."
Moradores que já conseguiram deixar a cidade e ONGs que trabalham no local descreveram condições catastróficas, com civis abrigados em porões, privados de água, comida e comunicações, além de corpos espalhados pelas ruas. Estima-se que 160 mil civis permanecem presos no município, que antes da guerra tinha cerca de 400 mil habitantes, e a prefeitura local acusa Moscou de ter levado mais de 20 mil moradores para a Rússia contra sua vontade.
Em cinco semanas de guerra, mais de quatro milhões de ucranianos foram forçados a fugir de seu país, segundo o Acnur, um êxodo que não era registrado na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
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De acordo com o Ministério da Defesa britânico, os combates intensos em Mariupol continuam nesta quinta, embora os ucranianos "permaneçam no controle do centro da cidade". O líder da república russa da Chechênia, Ramzan Kadírov, leal a Vladimir Putin, afirmou por, sua vez, que entre 90% e 95% da cidade já estão sob controle russo. Se conquistar a cidade, a Rússia espera abrir um corredor terrestre entre as regiões separatistas pró-Moscou no Leste da Ucrânia e a Península da Crimeia, no Mar Negro.
Sobre as negociações, o chefe da diplomacia turca, Mevlüt Cavusoglu, anunciou que um encontro entre o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, e seu colega ucraniano, Dmitro Kuleba, poderia acontecer "em uma ou duas semanas".
O presidente ucraniano discursou, nesta quinta, aos Parlamentos da Austrália e da Holanda por videoconferência, pedindo que forneçam armas ao seu país e parem de comprar combustíveis russos.
Na Rússia, a popularidade de Vladimir Putin subiu 12 pontos percentuais em relação a fevereiro, com 83% dos entrevistados aprovando seu desempenho, de acordo com uma pesquisa publicada pelo instituto independente Levada, a primeira desde o início da ofensiva na Ucrânia.
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