Marina Ovsyannikova com cartaz contra a guerra durante jornal do Canal Um, da Rússia
Reprodução - 14.03.2022
Marina Ovsyannikova com cartaz contra a guerra durante jornal do Canal Um, da Rússia

A editora e jornalista russa Marina Ovsyannikova, que ficou mundialmente famosa após fazer um protesto contra a guerra na Ucrânia durante o jornal noturno do "Canal 1" , afirmou que teme por sua segurança após o protesto.

"Eu acredito no que eu fiz, mas agora entendo a escala dos problemas que eu vou ter que lidar e, claro, estou extremamente preocupada com a minha segurança. Eu não me sinto como uma heroína... você sabe, eu quero realmente sentir que esse sacrifício não foi em vão, e que as pessoas abram seus olhos", disse em entrevista à agência de notícias Reuters nesta quarta-feira (16).

Ovsyannikova interrompeu a transmissão do jornal russo, um dos mais assistidos do país, carregando um cartaz em que pedia o fim da guerra na Ucrânia e dizia que a mídia e o governo estavam "mentindo" para a população.

Em um vídeo pré-gravado, dizia que os russos estavam "zumbificados" por esse discurso oficial e que tinha "vergonha" de ter atuado tanto tempo fazendo "propaganda" do governo de Vladimir Putin.

Assim que fez o protesto, ela foi presa e levada para uma delegacia , onde passou por um interrogatório de mais de 14 horas. Após ser dada como desparecida, a jornalista reapareceu em um tribunal de Moscou ao lado de seu advogado, Anton Gashinsky.

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Apesar de correr o risco de pegar até 15 anos de prisão por usar o termo "guerra" sobre a invasão na Ucrânia, os juízes aplicaram uma multa de 30 mil rublos (cerca de R$ 1,4 mil) e a libertaram.

Na saída do tribunal, Ovsyannikova afirmou que foi mantida em isolamento durante todo o interrogatório e que foram "horas terríveis".

"Foi minha decisão protestar contra a guerra e tomei ela sozinha porque eu não gosto do fato da Rússia ter iniciado essa invasão. Foram horas terríveis. Não permitiram que eu entrasse em contato com pessoas próximas e parentes e não me deram nenhuma ajuda legal", disse a repórter.

Desde o início da guerra, o governo de Putin proibiu que as emissoras, agências, jornais e sites se refiram ao conflito com termos bélicos, sendo obrigados a usar o termo criado pelo Kremlin de "operação militar especial". Além disso, foi firmada uma lei de censura e as mídias independentes foram praticamente todas fechadas.

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