Marina Ovsyannikova, que invadiu um jornal na TV russa nesta segunda-feira para protestar contra a guerra na Ucrânia não foi localizada após a prisão. Advogados de grupos de direitos humanos disseram ao jornal americano The Washington Post que não sabem o paradeiro da funcionária do Canal 1, mais de 12 horas após ela ser detida.
O Comitê de Investigação da Rússia iniciou “uma verificação de pré-investigação” contra Marina, sob a alegação de que ela invadiu o estúdio, conforme a agência de notícias estatal russa Tass.
Uma fonte informou ao veículo que a etapa "não fornece motivos para detenção e prisão". Não é possível descartar, porém, que ela possa enfrentar outras acusações, como a de “desacreditar” as ações das forças armadas russas no país vizinho.
Durante uma entrevista coletiva nesta terça-feira, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que o canal de televisão, e não o governo, é que está “lidando com isso”.
Protesto
Marina entrou no estúdio com um cartaz onde se liam frases como "não acreditem na propaganda" e "eles estão mentindo para vocês". O microfone da apresentadora ainda captou seus gritos de "parem a guerra".
O vídeo do protesto foi dibulgado pelo sistema OVD-Info, que monitora prisões de ativistas e manifestantes de oposição na Rússia. Em comunicado à agência RIA Novosti, o Canal 1 disse que houve "um incidente com uma pessoa estranha no estúdio, e uma investigação interna está em andamento". Outros veículos de imprensa russa reportaram o caso borrando a imagem do cartaz para evitar problemas com as autoridades.
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Antes de invadir o set, Marina gravou uma mensagem em vídeo na qual disse que seu pai é ucraniano e sua mãe é russa. Ela descreveu a guerra na Ucrânia como um "crime" e disse que o povo russo tinha que se manifestar.
"Infelizmente, tenho trabalhado no Canal Um nos últimos anos, trabalhando na propaganda do Kremlin. E agora estou muito envergonhada. Tenho vergonha de ter permitido que as mentiras fossem ditas nas telas da TV. Tenho vergonha de ter deixado o povo russo se tranformar em zumbis" , ressaltou.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, expressou sua gratidão à ação dela, exaltando que russos devem lutar enquanto o país "não se fechar completamente para o mundo inteiro, transformando-se em uma Coreia do Norte".
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*Com informações de agências internacionais