Raja, o elefante mais sagrado do Sri Lanka, morreu nesta segunda-feira, aos 68 anos. A perda gerou um pesar nacional e uma ordem presidencial para que o enorme cadáver seja empalhado e preservado para a posteridade.
O animal era o mais importante entre 100 que participam do festival budista Esala Perahera, que ocorre anualmente na cidade de Kandy. Repleto de enfeites, ele carregava a Relíquia do Dente de Buda na tradicional celebração. Raja tinha até uma escolta armada com policiais de elite desde 2015, quando um motociclista quase colidiu contra ele no caminho de uma cerimônia religiosa.
O presidente Gotabaya Rajapaksa decretou que o animal seja declarado um "tesouro nacional" e ordenou que o corpo seja preservado "para as gerações futuras o testemunharem". O elefante deve ser entregue a taxidermistas ainda hoje.
Um dos antecessores de Raja, que tinha o mesmo nome, carregou o caixão dourado por 34 anos entre 1953 e 1986. Ele morreu em 1988, aos 72 anos. Na época, também houve manifestações de pesar e o governo declarou um dia de luto nacional. O Raja mais antigo também foi preservado e tem seu próprio museu no complexo do Templo do Dente em Kandy.
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Conforme a AFP , escolher um sucessor pode ser um processo demorado. O novo representante precisa fazer parte de uma casta particular e apresentar características físicas bem específicas para se qualificar. É necessário, por exemplo, que ao ficar de pé as "sete pontas" — as quatro patas, sua tromba, pênis e cauda — do animal toquem o chão. Ele também deve ter o dorso plano, as presas devem ser formadas em forma de uma peneira tradicional e sua altura deve ser de 3,6 metros. Uma exceção foi feita com Raja, que tinha apenas 3,2 metros de altura, porque era o mais alto do país na época.
Os elefantes são uma espécie protegida no Sri Lanka, mas muitos são mantidos como animais de estimação, porque são vistos como símbolos de status. Leis relacionadas a preservação foram endurecidas nos últimos anos. A captura de elefantes selvagens, por exemplo, pode acarretar pena de morte. Ativistas dos direitos dos animais, porém, defendem que elefantes em cativeiro são frequentemente maltratados, acusação negada por templos e donos de animais domesticados.