Em frente à sede da ONU, manifestantes protestam contra a invasão da Rússia à Ucrânia
Loey Felipe/ONU
Em frente à sede da ONU, manifestantes protestam contra a invasão da Rússia à Ucrânia

A China, uma das principais parceiras da Rússia, pediu que Moscou e Kiev realizem negociações diretas para colocar fim ao conflito na Ucrânia , que neste sábado chegou ao seu décimo dia. Em outra frente diplomática, o premier israelense, Naftali Bennett, se encontrou com Vladimir Putin na capital russa, conversou por telefone com o líder ucraniano, Volodymyr Zelensky, e agora segue para a Alemanha.

De acordo com o Ministério das Relações Exteriores da China, o chanceler Wang Yi afirmou, durante conversa com o secretário de Estado americano, Antony Blinken, ser necessário o estabelecimento do diálogo direto entre a Rússia e a Ucrânia para resolver a crise.

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Até o momento, os dois lados se encontaram duas vezes, na Bielorrússia, e acertaram apenas o estabelecimento de corredores humanitários em áreas de combate, uma iniciativa que fracassou em Mariupol, onde a Rússia retomou sua ofensiva após um breve e ineficaz cessar-fogo.

"Esperamos que os combates tenham fim o quanto antes, e que assim se evite uma crise humanitária de grande porte", disse Wang Yi, de acordo com comunicado da chancelaria chinesa. Ele ainda reconhece que essa negociação, caso saia do papel, não seria uma tarefa fácil. O chanceler apontou que a resolução precisa estar "relacionada aos interesses de segurança das duas partes", e apontou para o "impacto negativo da expansão da Otan em direção ao espaço de segurança da Rússia".

Desde o início do conflito, a China tem evitado condenar a invasão russa, ao mesmo tempo em que não apresenta um apoio formal a Moscou: em votações relacionadas à guerra no Conselho de Segurança e na Assembleia Geral da ONU, Pequim se absteve. No começo de fevereiro, os dois países anunciaram uma parceria "sem limites".

Blinken, por sua vez, manteve a linha ofensiva em relação à Rússia.

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"O secretário notou que o mundo está observando quais nações vão defender os princípios básicos da liberdade, autodeterminação e soberania. Ele frisou que o mundo está agindo em conjunto para repudiar e responder à agressão russa, garantindo que Moscou pagará um alto preço", afirmou o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, em comunicado.

Iniciativa israelense

Ainda neste sábado, o premier israelense, Naftali Bennett, realizou sua própria ofensiva diplomática, apostando nas boas relações de seu governo com a Rússia e com a Ucrânia — além de interesses estratégicos, Israel possui uma grande população originária das repúblicas da antiga União Soviética.

Na primeira parada, em Moscou, ele se reuniu com Putin por duas horas e meia, mas o teor da conversa não foi divulgado — em breve comunicado, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que os dois discutiram "a situação em torno da Ucrânia", além de questões como as negociações para a retomada do acordo sobre o programa nuclear do Irã, ao qual Israel se opõe e a Rússia é uma das signatárias.

Depois da reunião, Bennett conversou por telefone com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e seguiu para a Alemanha, onde se reúne com o chanceler Olaf Scholz. Segundo um integrante do governo israelense, os passos do premier estão sendo coordenados com os EUA, Alemanha e França. Zelensky, por sua vez, também conversou com o presidente dos EUA, Joe Biden, com quem discutiu "questões de segurança, apoio financeiro à Ucrânia e a continuação das sanções contra a Rússia", como mencionou no Twitter.

Bennett tem se colocado como um interlocutor legítimo para trabalhar pelo fim do conflito, citando as boas relações com os dois países, mas poucos esperam que a iniciativa tenha sucesso. Também vale ressaltar a postura de Israel na crise: apesar de condenar a invasão e votar com os aliados ocidentais em medidas contra a Rússia na ONU, o governo vem mantendo abertos os laços com Moscou, até por conta de seus interesses estratégicos.

Além das parcerias econômicas e laços históricos, Israel vê como necessário manter uma boa relação com os russos por causa da situação na Síria, onde a Rússia tem papel fundamental no apoio ao presidente Bashar al-Assad. Com constantes trocas de disparos entre forças sírias e israelenses, manter uma linha de contato militar com Moscou pode evitar incidentes indesejados entre as duas nações.

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