Bombardeios russos atingem a cidade ucraniana de Kharkiv
Foto: ANSA
Bombardeios russos atingem a cidade ucraniana de Kharkiv

O quarto dia de  ataques da Rússia contra a Ucrânia focou em estruturas sensíveis de gás, petróleo e energia e está sendo marcado por um forte bombardeio em Kharkiv , a segunda maior cidade do país, neste domingo (27).

Um prédio de nove andares com residências civis foi atingido por um míssil russo e deixou uma mulher morta e 20 pessoas precisaram ser evacuadas. Outros 60 moradores haviam se refugiado em uma área subterrânea e não foram feridos.

Por outro lado, a Rússia informou que capturou 471 soldados ucranianos em Kharkiv.

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, fez dois pronunciamentos neste domingo e acusou Belarus de estar dando apoio aos ataques. Para o mandatário, as tropas russas estão "matando civis" de propósito e atacando cidades que nunca tiveram "nenhum tipo de estrutura militar".

"Eles mentiram sobre o fato de que não atacariam os civis. Desde as primeiras horas da invasão das tropas russas, eles estão atacando as infraestruturas civis. Deliberadamente escolheram táticas para atingir pessoas e tudo aquilo que torna a vida normal: eletricidades, hospitais, jardins de infâncias, casas, entre outros. Isso poderia ter sido pior se não fossem nossas forças militares", disse Zelensky.

Além dos ataques em Kharkiv, os russos atingiram plantas de fornecimento de energia próximas a Kiev e o porta-voz do Ministério da Defesa da Rússia, Igor Konashenkov, afirmou que as cidades de Kherson (sul) e Berdyansk (sudeste) foram "completamente" assediadas. Também há registro de ataques à cidade de Bucha, que fica a cerca de 30 quilômetros da capital, e ali também foi atingido um prédio residencial civil.

Zelensky afirmou ainda que "os ataques da Rússia contra a população civil e às infraestruturas têm características de um genocídio e merecem um tribunal internacional". Desde que os ataques foram iniciados, o mandatário alertou que Kiev irá denunciar Moscou no Tribunal Penal Internacional de Haia.

"Juntos nós derrotamos Hitler e agora derrotaremos também [Vladimir] Putin ", postou Zelensky em sua conta no Twitter.

Resposta Belarus

Horas após a acusação de Zelensky, seu homólogo em Belarus, Aleksandr Lukashenko, acusou o ucraniano de "estar mentindo porque ninguém bombardeou Kiev até agora".

"Não há um soldado de Belarus sequer lá, não há um projétil nosso na Ucrânia", disse Lukashenko, um dos mais fiéis aliados de Putin na região. Antes do ataque, cerca de 30 mil soldados russos, além de equipamentos militares, estavam fazendo exercícios na fronteira entre as duas nações.

Na quinta-feira (24), quando os ataques de Moscou começaram, as tropas russas invadiram o território ucraniano pelo país.

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A agência de notícias russa Tass informou que Lukashenko e Putin firmaram um novo acordo para "defender Belarus". "Sabemos já qual é o equipamento adicional que temos necessidade nos próximos dias. Estamos de acordo com Putin e deslocaremos para cá [fronteira] armas adicionas que possam causar danos que nem poloneses, nem lituanos vão querer combater conosco".

Negociações 

Neste domingo, uma comitiva russa foi para Belarus para negociar um acordo de paz com os ucranianos. No entanto, Zelensky se nega a enviar seus negociadores para a nação por conta das acusações de ataques vindos do país vizinho.

"Qualquer cidade neutra está boa para as negociações. Pode ser Varsóvia, Istambul, Baku, mas não Minsk. A Rússia sabe que enviar uma comitiva para Gomel, em Belarus é inútil. Nós queremos negociações reais, não ultimatos", disse o mandatário.

No entanto, logo após Zelensky falar sobre o tema, veio um ultimato de Moscou. "Se não recebermos uma resposta até às 15h de hoje (9h no horário de Brasília), a Ucrânia será responsável pelos próximos eventos", disse o parlamentar russo Leonid Slutsky à agência Tass.

Desde a sexta-feira (25), segundo dia de ataques, a Rússia vem dizendo que está disposta a negociar um cessar-fogo. No sábado (26), os russos chegaram a dizer que tinha "suspendido" os ataques mais pesados contra o país para dar tempo dos ucranianos aceitarem a proposta. No início da noite de ontem, como não houve consenso, Moscou disse que voltaria a atacar "com força total".

Kiev, por sua vez, afirma que os russos nunca diminuíram os ataques, mas estão andando mais lentos do que o previsto porque estão encontrando muito mais resistência dos soldados ucranianos do que previam.

Conforme dados da Ucrânia, mais de 4,3 mil soldados russos já teriam morrido nos ataques. Do outro lado, Kiev informa que há cerca de 200 vítimas.

Já Moscou não divulga números de vítimas e os meios de comunicação do país foram proibidos de citar o confronto com termos bélicos, como "ataque", "conflito" ou até mesmo "guerra".

Todos devem afirmar apenas o termo usado por Putin de "operação militar especial".

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