Um dia após anunciar a retirada parcial de militares que atuavam na fronteira com a Ucrânia, o Ministério da Defesa da Rússia informou nesta manhã de quarta-feira que mais tropas estão deixando a Crimeia após concluir os exercícios militares.
"As unidades do Distrito Militar do Sul, tendo completado sua participação em exercícios táticos, estão se movendo para seus postos permanentes", informou o Ministério da Defesa em comunicado, sem especificar quantos soldados estavam deixando o local.
Enquanto o governo publica nas redes sociais vídeos de tanques retornando por via férrea, países do Ocidende e a Ucrânia permanecem céticos sobre a desmobilização. Não está claro, por exemplo, quantos soldados foram retirados.
A Rússia já anunciou outras vezes a remoção de tropas perto da fronteira ucraniana, sem que, nos dias posteriores, fotos de satélite indicassem uma efetiva diminuição no número de forças. O próprio governo russo admite que a maioria das forças permanece mobilizada em uma série de exercícios em larga escala para treinamento operacional.
O secretário de Defesa do Reino Unido, Ben Wallace, defende que ainda não viu nenhuma evidência de que a Rússia esteja reduzindo sua operação.
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"No terreno, o que observamos mostram o oposto. Lembremos que a Crimeia era uma parte autônoma da Ucrânia que foi invadida e anexada ilegalmente pela Rússia em 2014. Portanto, não tenho certeza de que isso forneça qualquer garantia a alguém de que um país ocupado está tendo seus exercícios suspensos. O que todos nós queremos na comunidade internacional é ver a Crimeia devolvida à Ucrânia", disse em entrevista à BBC.
Otan vê movimento de tropas
O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, afirmou que o número de tropas russas na fronteira com a Ucrânia continua subindo.
"Realmente pedimos que façam o que dizem e realmente diminuam esse números, ou seja, retirem os militares da região. Essa será sua melhor contribuição para reduzir as tensões e evitar qualquer conflito na Europa", ressaltou.
O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, declarou que a Rússia deve escolher entre a guerra e a diplomacia.
"Nos últimos dois dias, a Rússia sinalizou que pode estar aberta à diplomacia, e pedimos que tome medidas concretas e tangíveis para a desescalada, porque essa é a condição para um diálogo político sincero. A escolha hoje é uma escolha entre a guerra e os trágicos sacrifícios que acompanhariam essa guerra, ou a coragem de um compromisso político, a coragem de uma negociação diplomática", afirmou em reunião com legisladores da União Europeia.