O porta-voz do ministério da Defesa russo, Igor Konashenkov, anunciou em comunicado nesta terça-feira que o governo decidiu retirar algumas tropas militares da fronteira com a Ucrânia. Em entrevista à agência Interfax, afirmou que diversas unidades já "completaram suas missões" de realizar treinamentos militares planejados na região.
"Unidades dos distritos militares do sul e oeste que completaram suas missões já começaram a embarcar no transporte ferroviário e automobilístico e começarão a retornar para suas guarnições hoje. Unidades separadas marcharão a pé como parte do comboio militar", disse Konashenkov.
Nesta segunda-feira, duas reuniões do presidente Vladimir Putin, que tiveram trechos exibidos pela televisão da Rússia, indicaram um recuo no cerco militar à Ucrânia que teve a participação de cerca de 130 mil soldados, o que levou os países ocidentais a alertarem para uma invasão iminente do país. Não está claro quantas tropas serão removidas. Algumas missões ainda estão em andamento e serão mantidas.
"As Forças Armadas russas continuam uma série de exercícios em larga escala para treinamento operacional de tropas. Praticamente todos os distritos militares, frotas e tropas aerotransportadas estão participando", informou Konashenkov
O anúncio levou outros representantes do governo a acusarem o Ocidente de "histeria" por sugerir que uma guerra teria início na região. Foi o caso de Maria Zakharova, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores. No Facebook, ela publicou: "15 de fevereiro de 2022 entrará para a história como o dia em que a propaganda de guerra ocidental falhou. Eles foram desonrados e destruídos sem que um único tiro fosse disparado".
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Sinais de recuo
Nesta segunda-feira, em uma conversa com Putin transmitida pela televisão e aparentemente roteirizada, o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, anunciou que parte das manobras militares realizadas por seu país com a Bielorrússia estavam sendo encerradas.
"Os exercícios militares aconteceram, parte deles está terminando. Outros vão continuar dada a magnitude desses exercícios que foram planejados e que começaram no início de dezembro", disse Shoigu.
Pouco antes, em outra conversa exibida na TV, o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, disse apoiar a continuidade das negociações diplomáticas com o Ocidente sobre as “garantias de segurança” que a Rússia vem exigindo dos Estados Unidos e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
Putin foi mostrado perguntando a Lavrov se havia uma chance de chegar a um acordo para resolver as preocupações de segurança da Rússia ou se apenas aconteciam negociações infrutíferas, sem possibilidades reais de avanços.
"Já alertamos mais de uma vez que não permitiremos negociações intermináveis sobre questões que exigem uma solução hoje", respondeu Lavrov, antes de acrescentar. "Devo dizer que sempre há chances. Parece-me que nossas possibilidades estão longe de estarem esgotadas... Nesta fase, sugiro continuar e intensificá-las".