O presidente da França, Emmanuel Macron, revelou que pretende dificultar a vida de pessoas que não tomaram a vacina contra a Covid-19 no país. Em entrevista ao jornal Le Parisien na última terça-feira (05), afirmou que está empenhado em "irritá-los" e quer continuar fazendo isso "até o fim" da pandemia.
"Numa democracia, o pior inimigo são as mentiras e a estupidez. Pressionamos os não vacinados limitando-lhes, tanto quanto possível, o acesso às atividades da vida social", acrescentou Macron.
A afirmação gerou reações, principalmente da oposição. A palavra usada por Macron — emmerder — é um termo considerado vulgar no francês. O comentário também levou parlamentares a suspenderem uma votação que seria realizada nesta quarta-feira, definindo novas restrições para pessoas que não se imunizaram como a obrigatoriedade de comprovante de vacina para frequentar qualquer lugar fechado.
"Nenhuma emergência de saúde justifica tais palavras. Emmanuel Macron diz que aprendeu a amar os franceses, mas parece que gosta especialmente de desprezá-los.", tuitou Bruno Retailleau, líder dos republicanos de direita no Senado.
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A líder da extrema direita Marine le Pen escreveu na mesma rede social: "Um presidente não deveria dizer isso... Emmanuel Macron é indigno de seu cargo."
O político de esquerda Jean-Luc Mélenchon descreveu a fala do presidente como uma "confissão surpreendente". "É claro que o passe de vacinação é uma punição coletiva contra a liberdade individual”, acrescentou.
Na terça-feira, a França registrou 271.686 novos casos diários de Covid-19, o maior número de infecções diárias desde o início da pandemia. O país tem uma das maiores taxas de vacinação da União Europeia, com mais de 90% da população adulta imunizada. Cerca de cinco milhões de pessoas permanecem sem nenhuma dose.