A junta militar que governa Myanmar anunciou nesta segunda-feira (18) que vai libertar 5.636 pessoas que foram presas em protestos contra o golpe de Estado, ocorrido em 1º de fevereiro. O processo de soltura será encerrado até essa terça-feira (19), quando o país celebra a festa nacional de Thadingyut.
Apesar de justificar o ato por conta da celebração, a medida foi tomada após o governo militar não ter sido convidado para a reunião da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean), que ocorre nos dias 26 a 28 de outubro.
Para a organização internacional, há pouco interesse em retomar as conversas democráticas por parte da junta militar. Além disso, o líder Min Aung Hlaing vetou a chegada de um observador da Asean com acesso irrestrito à nação, o que incluiria conversas com a líder "de facto" de Myanmar, Aung San Suu Kyi.
A Nobel da Paz de 1991 está presa em regime domiciliar desde o dia do golpe militar, ao lado do então presidente Win Mynt.
Ambos foram detidos sob a justificativa de que houve fraude nas eleições de dezembro, quando o seu partido, o Liga Nacional para a Democracia (NLD), obteve mais de 70% dos votos.
No entanto, até hoje, nenhum dos dois foi acusado por qualquer crime eleitoral. Suu Kyi, porém, responde a sete processos diferentes desde então, que vão desde corrupção a violação de leis de comércio, em processos sem nenhuma independência judicial.
Desde o início de fevereiro, há manifestações diárias contra o golpe e, segundo organizações de direitos humanos, mais de 1,1 mil pessoas foram mortas pelos policiais durante os atos.