A Bolívia e o Chile foram, nesta quinta-feira (01), os últimos países da região a anunciarem o fechamento de suas fronteiras com o Brasil para conter o avanço da Covid-19. No caso chileno, que lida com um acentuado surto, as restrições valerão para todas as suas fronteiras terrestres e aéreas durante o mês de abril, enquanto no boliviano, é exclusivo para os limites com o Brasil e tem duração inicial de uma semana.
As medidas vêm após o alerta da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) sobre os riscos da crise sanitária em território nacional agravarem a situação em todo o continente. Março foi o pior mês da pandemia no Brasil, com mais de 66 mil mortes — mais que o dobro de julho de 2020, o mês mais letal até então.
Via Twitter, o presidente boliviano, Luis Arce, anunciou o fechamento temporário de sua fronteira de 3,4 mil km com o Brasil para "proteger a população". Segundo Arce, comunidades fronteiriças em que "se verificou a circulação de variantes" oriundas do Brasil serão "encapsuladas" ou postas em quarentena. A medida, segundo o ministério da saúde local, deve começar a valer sexta-feira. Não está claro, no entanto, se as restrições também se aplicarão a viagens aéreas.
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No início da semana, o governo boliviano ordenou o início das campanhas de vacinação em regiões fronteiriças com o Brasil, diante de temores das novas cepas. Segundo La Paz, constatou-se o aumento de casos em diversas comunidades fronteiriças, mas não se sabe exatamente de quais cepas.
Há uma preocupação especial com a variante amazônica, a P.1, mais contagiosa, que foi descoberta primeiramente em Manaus. Até o momento, ela já foi encontrada em ao menos 15 países e territórios das Américas, incluindo Bolívia, Venezuela, Chile, Uruguai, Colômbia e Paraguai.
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Apenas na quarta-feira, o Brasil registrou recorde de 3.950 mortes em 24 horas. Horas antes, após a primeira reunião do comitê de crise que une o Legislativo e o Executivo, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSDB-MG) e o novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, defenderam a necessidade de um discurso unificado sobre a importância da vacinação, do uso de máscaras e do distanciamento social.
O presidente Jair Bolsonaro, no entanto, foi na contramão e voltou a criticar medidas como toque de recolher e fechamento de comércio, que, segundo ele, podem provocar fome e serem piores que o próprio vírus:
“Só temos um caminho: deixar o povo trabalhar. Os efeitos colaterais do combate à pandemia não podem ser mais danosos que o próprio vírus”, afirmou.