A votação que definirá o presidente dos Estados Unidos da América se encerra nesta terça-feira (3). Biden ou Trump? Republicanos ou Democratas? O resultado deve ser acirrado, já que, segundo Cientistas políticos, eleitores e os próprios candidatos, esta é a eleição norte-americana mais importante do século.
Prova disso é que a disputa caminha para ter a maior participação popular dos últimos 100 anos - nos EUA, o voto não é obrigatório e alguns estados deixam que seus eleitores votem antecipadamente por correio, ou presencialmente em seções eleitorais.
Votação antecipada
Sob o pano de fundo da pandemia , as eleições presidenciais deste ano ocasionaram em uma quantidade de votos antecipados nunca antes vista: mais de 95 milhões de pessoas já votaram antecipadamente, segundo dados da "Projeto Eleições", da Universidade da Flórida . Destes, 60.451.666 pelo correio e 34.576.166 de forma presencial.
Alguns estados decisivos para o resultado, como Flórida e Carolina do Norte , já recolheram mais de 90% dos votos das eleições passadas. Além dos dois, pelo menos mais cinco estados têm quase mais votos antecipados que todos os registrados em 2016. São eles:
- Montana 99,1%
- Washington 97,9%
- Carolina do Norte 95,4%
- Geórgia 93,9%
- Flórida 93,7%
- Novo México 93,2%
- Nevada 91,2%
É bom entender, porém, que a participação antecipada é, também, uma forma de evitar aglomerações no dia 3, já que os EUA são o país mais afetado pela pandemia de coronavírus no mundo, com mais de 9 milhões de casos confirmados e 220 mil mortes.
Estados-chave decidirão
Segundo o levantamento nacional Wall Street Journal/NBC News , divulgado na véspera das eleições, Biden tinha uma vantagem de 10 pontos percentuais sobre Trump. Já a média das novas pesquisas nacionais contabilizadas pelo site RealClear Politics aponta Biden à frente , com 7,2 pontos percentuais.
Mas, nos EUA, por se tratar de eleições indidetas, para um candidato ser eleito, não basta apenas vencer no total de votos: é preciso sair vitorioso nos chamados delegados para se tornar presidente . São 538 delegados em disputa e 270 necessários para a vitória, sendo que cada estado tem uma quantidade diferente, e proporcional, de delegados.
Temos as eleições de 2016 como exemplo, quando Trump recebeu 3 milhões de votos a menos que Hillary Clinton , mas saiu vitorioso por ter vencido em alguns estados-chave.
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Em alguns do estados conhecidos como swing states (pois podem pender para o lado dos republicanos ou dos democratas), Biden tem vantagem considerável. Na Pensilvânia e no Arizona , o democrata está 6 pontos percentuais à frente de Trump, segundo pesquisa New York Times/Siena divulgada no domingo (1). Em Wisconsin , a vantagem é ainda maior: 11 pontos. Em todos eles, Trump foi o vencedor há quatro anos.
Na Flórida, o mais importante dos swing states , a situação é imprevisível. A média de sete levantamentos contabilizada pelo RealClear Politics mostra uma vantagem de apenas 0,7 ponto percentual para Biden – dentro da margem de erro.
Além de contar com 29 votos no colégio eleitoral, o maior número entre todos os estados-chave, a Flórida deve ser responsável pela primeira indicação dos rumos da eleição.
Caso Trump vença na Flórida, seguem vivas suas chances de repetir a surpresa de 2016. Mas, caso o estado dê vitória a Biden, o caminho da reeleição fica muito mais complicado para Trump.
O presidente teria de ganhar em vários estados-chave onde Biden está na frente nas pesquisas – como Pensilvânia, Michigan e Wisconsin – e também conquistar Arizona, Texas e Ohio – onde o resultado é imprevisível.
Definição pode demorar a sair
Caso Biden se saia vitorioso em alguns dos estados decisivos, é possível que o resultado oficial demore dias para ser confirmado , devido ao enorme volume de votos pelo correio. Em Wisconsin, por exemplo, a conferência e contagem dessas cédulas só começa na própria terça-feira.
Além disso, o atual presidente Donald Trump vem dizendo há dias que a votação pelo correio facilita a incidência de fraudes . Seu assessor, Jason Miller, chegou a afirmar, em entrevista, que os votos que não forem contabilizados na noite de terça-feira não deveriam valer.
“Se você conversar com democratas inteligentes, eles acreditam que o presidente Trump vai estar na frente na noite da eleição, provavelmente com 280 votos [do colégio eleitoral], ou algo assim. Aí, eles vão tentar roubá-los de volta depois da eleição”, afirmou Miller .