O presidente Jair Bolsonaro defendeu neste domingo (20) a visita do secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, ao estado de Roraima, e disse que os Estados Unidos junto com o Brasil estão trabalhando para "restaurar a democracia na Venezuela".
Bolsonaro afirmou, em rede social, que a vinda de Pompeo para discutir a situação da Venezuela e suas consequências para a região representa "o quanto nossos países estão alinhados na busca do bem comum".
Na sexta, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), classificou a presença de Pompeo como uma "afronta" às tradições da política externa brasileira. Ele defendeu que o Brasil "deve preservar a estabilidade de fronteiras e o convívio pacífico com os países vizinhos".
Maia também citou a Constituição Federal e afirmou que o país precisa seguir os princípios de independência nacional, autodeterminação dos povos, não intervenção e defesa da paz nas suas relações com outros países.
Em resposta, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo , emitiu uma nota no sábado dizendo que as críticas do presidente da Câmara à visita baseiam-se em "informações insuficientes e em interpretações equivocadas".
Você viu?
Araújo lembrou que os EUA já doaram US$ 50 milhões para a Operação Acolhida — coordenada pelo Exército brasileiro para abrigar venezuelanos que atravessam a fronteira fugindo da crise econômica e política em seu país. Ele informou que ontem, durante a visita, o secretário Mike Pompeo anunciou mais US$ 30 milhões para a operação, o que chamou de "quantia vultuosa".
A vinda do representante do governo de Donald Trump, que esteve também no Suriname e na Guiana e seguiu para a Colômbia, teve como principal objetivo discutir a situação na Venezuela , e acontece a pouco mais de um mês da eleição presidencial norte-americana de 3 de novembro.
A visita aconteceu num contexto em que Trump busca os votos da comunidade latina do estado da Flórida, em especial cubanos e venezuelanos exilados, e em que se discute a participação ou não da oposição venezuelana nas eleições legislativas convocadas pelo governo de Nicolás Maduro para 6 de dezembro.
Desde o início de 2019, em coordenação com os Estados Unidos e países como a Colômbia, o governo brasileiro reconheceu o deputado opositor Juan Guaidó , então escolhido presidente da Assembleia Nacional, como "presidente interino" da Venezuela.
Imaginava-se que a pressão diplomática intensa, ao lado do aumento das sanções dos Estados Unidos à Venezuela, levaria à queda de Maduro. No entanto, ele se manteve no poder com o apoio dos militares e de países aliados como Rússia, China e Turquia.