Um estudo divulgado nesta terça-feira (25) sobre transmissão da Covid-19 dentro dos EUA descobriu que um evento realizado por uma empresa farmacêutica na cidade de Boston, no estado de Massachusetts, ainda no mês de fevereiro pode ter sido responsáveis por mais de 20 mil casos em diversos países.
Segundo informações do jornal norte-americano The Washington Post, o estudo realizado por cientistas de diversas instituições de saúde dos EUA com quase 800 genomas do novo coronavírus (Sars-Cov-2), concluiu que a mutação identificada entre os participantes da conferência infectou pessoas em outros estados norte-americanos, no Alasca, na Austrália, em Luxemburgo e até no Senegal e Singapura.
O resultado só foi possível porque os especialistas identificaram um "erro" cometido durante o processo de replicação do vírus : uma simples troca de duas letras no código genético de 30 mil caracteres do novo coronavírus, diz a publicação. Tal mutação surgiu em dois pacientes na França, exatamente no mesmo período de tempo em que outras pessoas eram infectadas em diferentes regiões do planeta.
Ainda de acordo com a reportagem, a conferência da empresa Biogen durou apenas dois dias, mas foi capaz de provocar a disseminação da doença por cerca de três semanas, quando 35 casos foram identificados como a mesma carga genética do vírus original. Dois meses depois, a cepa foi responsável por infectar outras 122 pessoas em um centro de acolhimento para pessoas em situação de rua localizado em Boston.
Por fim, em julho, tal variante já era responsável por cerca de um terço dos casos confirmados em Massachusetts e 3% de todo o país. Atualmente, segundo dados da Universidade Johns Hopkins, os EUA somam 5,7 milhões de casos confirmados da Covid-19 , com mais de 126 mil apenas no estado.