Um levantamento feito pela ONG Visão Mundial mostra que uma em cada três crianças imigrantes da Venezuela passam fome e vão dormir sem ter o que comer durante a pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2). A pesquisa foi feita no mês de abril com 363 crianças venezuelanas no Brasil, Colômbia, Peru, Equadorm Bolívia e Chile.
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Entre as crianças entrevistadas, uma pequena quantidade morava na Venezuela. Mais da metade delas (57,6%), no entanto, tinha menos de 11 anos. Já outros 32,8% estavam na faixa dos 11 aos 15, enquanto 9,6% estavam na de 16 aos 18 anos. Quase 90% delas viviam em centros urbanos.
"Assim como outras crianças, elas sofreram uma disrupção da sua rotina, com a interrupção da escola, por exemplo", diz Luis Corzo, gerente de resposta humanitária da Visão Mundial.
"Mas, além disso, têm que lidar com a separação dos pais, com a fome e a mudança para moradias precárias por causa da perda de renda dessas famílias. Isso as torna muito vulneráveis", completou Corzo.
Estimativas mostram que cerca de 5 milhões de venezuelanos deixaram o país até junho deste ano. Desse total, 25% correspondem a crianças.
Um relatório de 2019 da ONG Observatório dos Direitos Humanos mostra que o agravamento da crise humanitária na Venezuela levou a um aumento da chegada ao Brasil de crianças e adolescentes desacompanhados. De 1º de maio a 21 de novembro, por exemplo, 529 passaram pelo posto na fronteira, sendo que 41% deles estavam totalmente sozinhos.