Desde que a pandemia do novo coronavírus atingiu o México, em abril, o número de casos de feminicídios e denúncias motivadas pelo crime cresceram. No entanto, Andrés Manuel López Obrador, presidente do país, minimizou os números e disse que ligações emergenciais são trotes.
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Obrador colocou a culpa no regime de governo antecessor ao seu, que se declarava como neoliberal. Segundo o atual presidente, o neoliberalismo instiga a “vitimização” da sociedade mexicana.
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"Vou te dar outro fato, que não significa que a violência contra a mulher não exista. Não quero que você me interprete de forma errada. Noventa por cento das chamadas que servem de base para vocês são falsas, isso foi comprovado", o presidente informou aos jornalistas sobre ligações que denunciam violência contra mulher.
"Não é que as ligações sejam falsas. É que elas não são seguidas por uma investigação completa, então, são consideradas incompletas", justificou ainda Maria Salguero, que criou um mapa de feminicídio no país. Segundo ela, o maior conflito é que os casos de violência não pararam de acontecer durante a pandemia .
Em março, o governo afirma que recebeu 26.171 ligações que denunciavam violência contra mulheres . Em abril, o número foi de 21.722; no mesmo mês o país registrou 267 mortes por feminicídio. Nem todos os chamados, geralmente realizados por vizinhos da vítima, são atendidos pela polícia.
Desde o início deste ano, o México teve 987 mulheres e garotas assassinadas, mas apenas 308 das mortes são consideradas como feminicídios. A razão disso seria por conta do próprio governo, que registra menores números de mortes causadas pelo crime.
Até aqui, 987 mulheres e garotas foram assassinadas nos quatro primeiros meses de 2020. 308 destes casos foram considerados feminicídios
. Mas, para o governo, o número é menor.