A Covid-19 promete ser um problema longo. O mundo não retornará ao que era antes até que boa parte da população esteja imune, seja com a criação de uma vacina, seja com a perda de vidas. Melhor opção, a vacina deverá ficar pronta até a metade do ano que vem, de acordo com os pesquisadores mais otimistas, e ainda precisará enfrentar uma etapa de distribuição intensiva que preocupa as autoridades.
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A Ásia revela um bom exemplo do que está à frente para o Brasil. Após o controle da primeira onda do surto, os governos de Coreia do Sul, Taiwan, Vietnã e China enfrentam o momento mais delicado da pandemia: garantir que os números continuem baixos enquanto parte das atividades econômicas são retomadas.
Neste momento, qual é a situação dos países asiáticos na contenção da segunda onda do novo coronavírus (Sars-CoV-2); e principalmente, quais lições o Brasil poderá tirar para o futuro?
Coreia do Sul
O presidente da Coreia do Sul , Moon Jae-in, fez um pronunciamento à nação no início da semana, afirmando que o problema ‘não termina até que acabe’. Jae-in também alertou que o vírus poderá retornar a qualquer momento e se espalhar com facilidade. Uma segunda onda de casos é prevista para o segundo semestre.
O governo sul-coreano precisou quebrar parte da privacidade digital da população para controlar o coronavírus. Pelo monitoramento dos celulares, as autoridades tinham conhecimento das pessoas que tiveram algum contato com um portador do novo coronavírus. Elas eram imediatamente isoladas e testadas para impedir que a Covid-19 se alastrasse.
Os resultados foram positivos e a Coreia do Sul foi capaz de conter o vírus sem parar a economia. Esta semana, o país registrou 34 casos de Covid-19, o maior número diário em um mês. Segundo investigações, um homem foi responsável por espalhar o vírus após frequentar várias casas noturnas em apenas uma noite.
Em Seul, a capital do país, o prefeito decretou o fechamento temporário de todas as casas noturnas. Ao longo da semana, as autoridades de saúde rastrearam as 1,5 mil pessoas que estiveram nas boates frequentadas pelo homem contaminado.
Até o momento, o novo coronavírus infectou 11 mil pessoas na Coreia do Sul, causando a morte de 260.
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Vietnã
O Vietnã é um país pequeno com grande densidade populacional. Há 95 milhões de habitantes que convivem em uma área equivalente à do Mato Grosso do Sul. O sistema de saúde é precário e incapaz de suportar um colapso, logo, as autoridades locais apostaram no "lockdown" rígido.
O resultado repercutiu internacionalmente, pois o país reportou apenas 312 casos de Covid-19 , sem qualquer óbito. Em abril, após a execução de testes em massa e rastreamento de contaminados, o país comemorou o fim da transmissão comunitária, retomando vários setores do comércio. Por enquanto, a Covid-19 não será um problema para os vietnamitas, que permanecem vigilantes.
Taiwan
O Sars-CoV-1, parente próximo do novo coronavírus, causou sérios problemas no sistema de saúde de Taiwan . Desde 2003, o território autônomo conta com um centro de controle de epidemias. Isso justifica a resposta positiva que o país teve ao lidar com a Covid-19 .
Desde janeiro, todos os viajantes que chegavam de Wuhan (China), epicentro da doença na Ásia, eram imediatamente testados e isolados. Com o registro de alguns casos de contaminação comunitária, a presidente Tsai Ing-wen decretou “lockdown”, com multa de US$ 33 mil (equivalente a R$ 189 mil) para quem descumprisse a regra.
Além disso, o governo distribuiu centenas de milhares de máscaras para a população. Com as medidas rápidas, Taiwan registrou apenas 440 casos de Covid-19, com sete óbitos. Todos os estrangeiros que chegam à região precisam ficar oito horas no aeroporto, até que os resultados de testes para Covid-19 sejam feitos. Dessa forma, a vida segue vigilante no território autônomo.
China
Entre todas as cidades da China continental , Wuhan foi a que mais sofreu com o novo coronavírus. Após uma quarentena rígida com “lockdown” agressivo, o surto foi controlado no epicentro da doença em meados de fevereiro.
Com um pequeno crescimento no número de casos de Covid-19 nas últimas semanas, o governo chinês anunciou um programa intensivo de testes. Todos os 11 milhões de habitantes da cidade serão avaliados até a próxima semana. Os casos positivos serão isolados para que a vida dos cidadãos de Wuhan possa continuar.
A quantidade brutal de testes realizados na região chamou atenção, uma vez que desde o início da quarentena, o Brasil realizou cerca de 500 mil avaliações para a Covid-19. Neste momento, a China registra 82 mil infecções pela Covid-19, com 4,6 mil mortes.