Uma pesquisa do Global Health Now, da Faculdade de Saúde Pública da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, concluiu que mais de dois terços da população da África (69%) não teria comida e água suficientes para passar por uma quarentena de duas semanas.
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Os dados são da pesquisa “Reagindo à Covid-19 na África: usando dados para encontrar um equilíbrio” (em tradução livre). O objetivo do estudo é preencher lacunas de informação, e medir o impacto
e a efetividade dos serviços de saúde pública no combate ao novo coronavírus no continente africano.
O mesmo levantamento aponta que um terço das pessoas afirma não ter informação suficiente sobre o coronavírus e como ele se dissemina . A pesquisa mostra ainda que mais da metade da população acredita que a Covid-19 pode ser prevenida com limão e vitamina C.
Entre os entrevistados, 62% acreditam que a Covid-19 terá um impacto maior em seu país, mas destes apenas 44% se sentem pessoalmente ameaçados. Além disso, 51% afirmaram que ficariam sem dinheiro no caso de uma quarentena prolongada e algumas pessoas na Nigéria e no Quênia já tiveram que violar o isolamento para tentar conseguir comida.
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Diversos países do continente adotaram medidas precoces de combate à doença, incluindo lockdown
antes mesmo da confirmação do primeiro caso, o que os cientistas acreditam que pode ter freado a transmissão
na região. No entanto, também é considerada a hipótese de que os casos estão sendo subnotificados.
“Na África existem grandes lacunas de informação sobre a Covid-19, o que ameaça os esforços de combate”, afirmou Matshidiso Moeti, diretor do escritório regional da OMS para a África.
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"Devemos aplicar lições do passado e também devemos usar evidências para impulsionar a tomada de decisões, para que possamos recomendar as políticas mais eficazes e responsáveis", disse John Nkengasong, da Johns Hopkings University, em uma coletiva de imprensa antes da publicação do relatório na última terça-feira (5).
Os países africanos enfrentam desafios no combate ao novo coronavírus como a presença de outras vulnerabilidades como redes de proteção social falhas e escassez de profissionais de saúde.
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Por outro lado, a pesquisa da Johns Hopkins aponta que há uma grande aceitação de medidas de distanciamento
social no continente.
O relatório recomenda que os sistemas públicos de saúde sejam fortalecidos, os dados das medidas adotadas sejam monitorados e que as pessoas recebam informação sobre os riscos para que os mais vulneráveis sejam blindados.