Após o protesto da Igreja Católica , evangélicos e muçulmanos também reclamaram da decisão do governo da Itália de manter a proibição a missas e outros cultos religiosos em função da pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2).
Líderes religiosos esperavam que o relaxamento da quarentena previsto para 4 de maio incluísse a reabertura de lugares de culto, mas o primeiro-ministro Giuseppe Conte decidiu permitir apenas a volta dos funerais.
"Estou de acordo com a CEI [Conferência Episcopal Italiana]. Não é apenas uma questão de garantir o direito de culto, mas é também uma insensibilidade com os crentes de qualquer fé", disse à ANSA o imã Yahya Pallavicini, presidente da Comunidade Religiosa Islâmica Italiana (Coreis).
Pallavicini ainda reclamou da falta de diálogo do governo com os muçulmanos. "Não fomos sequer chamados, o primeiro-ministro deve nos convocar", acrescentou o imã, propondo a reabertura dos cultos com público controlado, distanciamento físico e uso de máscaras e luvas.
Os muçulmanos comemoram até o fim de maio o Ramadã, mês sagrado do Islã.
Você viu?
Evangélicos
Já a Comissão das Igrejas Evangélica s para Relações com o Estado enviou uma carta à ministra do Interior, Luciana Lamorgese, cobrando o respeito à liberdade de culto.
"Desejamos que a liberdade do exercício de culto público, sancionada pelo artigo 19 da Constituição, seja plenamente garantida a todos os crentes, no respeito das especificidades de cada confissão religiosa e com discernimento e prudência", disse o presidente do comitê, pastor Luca Maria Negro.
Leia também: China retoma aulas de ensino médio com fortes ações de segurança contra Covid-19
Antes disso, a CEI já havia divulgado um comunicado no qual diz que os bispos italianos "não podem aceitar o comprometimento do exercício da liberdade de culto". "Deve estar claro a todos que o empenho no serviço para os pobres, tão importante nesta emergência, nasce de uma fé que precisa se nutrir em suas fontes, principalmente a vida sacramental", afirma a nota.
Ainda segundo a conferência episcopal, a decisão de manter o veto às missas é "arbitrária". Em resposta, o governo Conte disse que estudará nos próximos dias um protocolo que permita a reabertura das igrejas "em máxima segurança".
Críticas internas
A decisão do premiê é alvo de críticas até dentro do governo. A ministra da Família, Elena Bonetti, afirmou ser "incompreensível" não autorizar a volta das celebrações religiosas . Apesar disso, o comitê científico que assessora o governo na pandemia afirmou que ainda existem "criticidades" a serem resolvidas antes de permitir que fiéis voltem a se reunir nas igrejas.
A presidente da União das Comunidades Hebraicas da Itália , Noemi Di Segni, destoou dos protestos das outras religiões e saiu em defesa da decisão do governo. Segundo ela, é preciso ter consciência da "gravidade do momento" e "remar na mesma direção", evitando "alimentar polêmicas que nos distraiam do objetivo principal, que é a proteção da vida e da saúde de todos os cidadãos".