As medidas de distanciamento social para ajudar a conter o avanço do Covid-19, apesar de necessárias, são alvo de preocupação de quem lida com a violência doméstica. Em discurso transmitido pela internet na tarde desta sexta-feira (3), o diretor-geral da OMS Tedros Adhanom reforçou a urgência de ações para reduzir os crimes dessa natureza.
“Com o isolamento em casa, os índices de violência doméstica aumentam. Existem muitos lares que não são seguros e mulheres vulneráveis. Essas mulheres precisam, mais do que nunca, de ações efetivas de seus países”, reforçou Adhanom. Em sua fala, o líder ainda mencionou a importância do apoio e vigilância de vizinhos e outros familiares para episódios violentos em ambientes domésticos.
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Também nesta sexta-feira, quase simultaneamente à coletiva de imprensa da Organização Mundial de Saúde, o governador de São Paulo, João Doria falou sobre o assunto. “Quero dizer que o Estado de São Paulo age em defesa intransigente das mulheres vítimas de violência . Então todas as delegacias, todas as DDMs têm que estar funcionando 24 horas por dia, todos os sete dias da semana, todos os 30 ou 31 dias do mês”, afirmou.
Denúncias poderão ser feitas por app ou internet
No próximo sábado (4), o Ministério da Mulher, da Família e Direitos Humanos irá disponibilizar um aplicativo para denúncias de violência doméstica em todo o Brasil, de maneira discreta e pelo celular.
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De acordo com a ministra Damares Alves, que coordena a pasta, o aumento de 50% no número de denúncias no estado do Rio de Janeiro foi o principal motivador. “Em outros estados, a violência não tem crescido desta forma (como no Rio de Janeiro) porque a mulher está dentro de casa, possivelmente com o agressor, e não tem como sair para denunciar , não tem como usar telefone para denunciar”, disse.
Já em São Paulo, as ocorrências de violência doméstica contra a mulher ou familiares podem ser registradas pela internet, por meio da Delegacia Eletrônica. A ferramenta, disponível pela Polícia Civil do Estado, pode ser acessada de qualquer dispositivo eletrônico, visando o atendimento necessário sem que haja a necessidade da vítima sair de casa e sem despertar a desconfiança de seu agressor. A maioria dos crimes podem ser noticiados eletronicamente, menos estupro e estupro de vulnerável.
Depois da ocorrência registrada a delegacia responsável pelas investigações entrará em contato discretamente com a vítima, para saber da necessidade da realização de exames periciais e de medida protetiva, dentre outros.
A Polícia Civil explicou que é preciso que a vítima guarde provas. Podem ser conversas eletrônicas, fotos de ferimentos, ou qualquer outra coisa que acreditar ser necessário. “Posteriormente essas provas serão solicitadas e deverão ser disponibilizadas para a autoridade policial responsável pelo caso para análise e deliberação”, diz.