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Presidente havia mencionado iminência de ataques a quatro embaixadas norte-americanas como justificativa para matar o general iraniano

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Divulgação/Official White House/Shealah Craighead
Presidente foi desmentido por um de seus secretários

O secretário de Defesa dos EUA, Mark Esper, afirmou neste domingo (12) que nunca viu nenhuma peça específica de evidência de que o Irã estivesse planejando ataques a quatro embaixadas americanas. O presidente Donald Trump havia usado na semana passada a suposta existência desses planos como justificativa para a operação que matou um general iraniano e colocou os dois países à beira de uma guerra.

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"Eu não encontrei nada a respeito de quatro embaixadas", disse Esper à rede de TV CBS, com ressalvas. "Eu compartilho da visão do presidente Trump de que provavelmente minha expectativa é que eles iriam atrás das embaixadas. As embaixadas são a demonstração mais proeminente da presença americana em um país".

As declarações confusas de Esper e de outras autoridades no domingo se somam ao debate que ocorre desde 3 de janeiro, questionando as razões para o ataque que matou Qassem Soleimani , o general mais importante do Irã. A administração ofereceu justificativas diferentes para a operação .

Recentemente, autoridades evitaram dar detalhes sobre o que, exatamente, motivou o ataque aéreo, mas na sexta-feira Trump disse que parte da razão era que o Irã estaria planejando ataques a quatro embaixadas americanas.

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Na entrevista de domingo à CNN, Esper pareceu dar mais apoio à alegação de Trump: "o que o presidente disse em relação às quatro embaixadas é aquilo no qual eu também acreditava. E ele disse que acreditava que eles provavelmente poderiam estar alvejando embaixadas na região". 

Em entrevista à rede Fox News, porém, Robert O’Brien, conselheiro de Segurança Nacional , tinha minimizado a alegação de Trump sobre ameaças iminentes específicas a embaixadas americanas na região.

"Veja, é sempre difícil, mesmo com a inteligência formidável que temos, saber exatamente quais são os alvos. Nós sabíamos que existiam ameaças a instalações americanas. Agora, se eram bases, embaixadas, é duro saber até que o ataque aconteça. Mas nós temos inteligência muito forte", disse O'Brien.

Mike Lee, senador por Utah, um dos republicanos mais críticos ao ataque, afirmou à CNN no domingo que estava "preocupado" com a qualidade da informação que autoridades de segurança nacional estavam compartilhando com o Congresso, e que ainda não tinha obtido certeza sobre "detalhes específicos sobre a iminência de ataque".

"Eu creio que os porta-vozes e o presidente acreditavam que eles tinham tido base para concluir que havia iminência de um ataque, não duvido disso, mas é frustrante ser avisado disso e não ter acesso aos detalhes por trás", afirmou.

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Questionado especificamente sobre se acreditava que autoridades tinham notificado o Congresso sobre as ameaças iranianas a quatro embaixadas, tal qual haviam alegado, Lee afirmou que não: "Não ouvi nada sobre isso. Muitos dos meus colegas disseram o mesmo. Aquilo era novidade para mim, e certamente não é algo que me lembro de ter sido incluído na notificação secreta".